Re: [Cyprinodontiformes] Convenção em França

Miguel Figueiredo fig.miguel gmail.com
Segunda-Feira, 17 de Outubro de 2011 - 17:54:06 WEST


Viva Miguel,

Concordo a 100% com o que dizes.

Conheces a biblia e o cristanismo mais fundamentalista, cheio de dogmas e
que inclusivamente nega a Evolução das Espécies e Charles Darwin?

Bom, na killifilia fundamentalista, a bíblia chama-se "Killidata" e o
profeta é o Dr. Hubber.

Nega-se a pés juntos que alguns killies sejam mais aparentados com viviparos
e ovoviviparos do que com outros killies.

O principio básico é este: A espécie considerada um killie segundo a biblia
(o killidata)?

Se sim: Bem Abençado!

Se não: Vade rectro, Satanás!

Nem imaginas como este fundamentalismo está imbutido!

Para te dar um exemplo: propus organizar um passeio para coleta de Fundulus
heteroclitus em Castro Morim mas, já que iamos ao sul do pais, propus passar
por outros locais na Bacia Hidrografica do Guadiana, para coletarmos
plantas, caracois e outra fauna. Quase que fui queimado vivo! Fui
considerado um verdadeiro herege.

Chegaram ao ponto de sugerir DOIS PASSEIOS: Um para quem vai só para os
killies e outro para os INFIEIS!

Outro exemplo: Ainda recentemente estiveram dois socios da APK um mês em
expedição na Guiana Francesa. Tinham uma ficha de campo INTEIRA para os
killies e depois um retangulo minusculo a dizer "outra fauna e flora"...
Após esse mês trouxeram ZERO plantas aquáticas, ZERO invertebrados e DEZENAS
de killies, quase sempre das mesmas 4 ou 5 especies mas coletados em locais
ligeiramente diferentes. Também trouxeram (aleluia) dois Apistos e duas
populações de Micropoecilia. Quer de uns quer de outros ninguem conseguiu
ver ainda uma unica foto e suspeito que os Micropoecilia já desapareceram :(

Enfrentamos portanto, um verdadeiro fanatismo religioso.

Mesmo assim, o mundo evolui e penso teriamos algumas hipoteses de criar um
grupo de ciprodontideos não oviparos, na APK, falando diretamente com os
sócios e evitando passar pelos Ayatolas mais tradicionais.

Seria bom, por exemplo, ter o acordo do Paulo Alves. O Paulo tem tido o
condão de suscitar o entusiasmo em muitos dos sócios da APK , alguns dos
bons killiófilos da associação confiam nele.

Se ele apoiasse a possibilidade de criação de um núcleo de ciprinodontideos
não oviparos teriamos uma base de credibilidade e as chances aumentariam -
mas ele também arriscaria a fogueira, claro! :-)

Precisariamos de fazer campanha junto dos membros da APK... os fanáticos são
só meia duzia, teriamos algumas hipoteses de conseguir fazer passar a
proposta na Assembleia Geral.

Talvez fosse boa ideia esperarmos mais uns anos, deixando que mais sócios
APK mantenham ciprinodontideos não oviparos e divulgando, paulatinamente, a
ideia.

Por mim apoiarei sempre a 100% essa proposta e tenho medo da inquisição.


Miguel



2011/10/16 www.viviparos.com <viviparos  viviparos.com>

> Caros colegas,
>
> Foram aqui expressas algumas ideias muito interessantes por todos os
> participantes.
> O Paulo Alves é muito provavelmente um dos que está mais perto da realidade
> quando
> afirma que no nosso país « não vai haver nenhuma associação de vivíparos
> nos tempos
> mais próximos », nomeadamente porque « não há condições mínimas para tal ».
> Também é fácil de lhe dar a razão quando afirma que « os vivíparos em
> Portugal não
> dão minimamente qualquer base real sustentável. O que não impediria que
> umas três
> pessoas mesmo dedicadas montassem uma base algo precária mas visível ».
> Também concordo quando afirma que « (...) uma associação a funcionar com
> todas as
> características intrínsecas não é possível fazer, não há gente suficiente
> com
> interesse no assunto ».
> No entanto, há uma boa base de partida para um grupo coeso de pessoas
> liderarem o
> processo de mudança das mentalidades.
> Reconheço, entre outros, essa qualidade no Miguel Figueiredo, na Maria
> João, no João
> Gomes, no José Bentes e até no próprio Paulo Alves, o que comigo já faz um
> interessante número de meia dúzia de potenciais criadores de linhagens
> selvagens
> organizados de forma informal mas eficaz ao longo dos últimos anos.
> Para além de nós há mais um grupo de outros tantos com muita potencialidade
> e ainda
> sobra outra meia dúzia de pessoas isoladas que vão mantendo até Goodeiídeos
> com
> alguma persistência em Portugal.
> Faço minhas as palavras do Miguel Figueiredo quando afirma que « divulgar
> vivíparos
> não está directamente relacionado com associativismo. Divulgar vivíparos
> passa por
> haver 5 ou 6 entusiastas que mantenham e reproduzam algumas espécies a
> longo prazo (
> vários anos ) e que, regularmente, divulguem os excedentes, a quem lhes
> possa dar a
> importância e os cuidados que merecem ».
> Aqui está a pérola de todas as ideias!
> De resto toda essa mensagem do Miguel Figueiredo está cheia de frases
> marcantes que
> revelam exactamente aquilo que penso.
> No entanto como resposta o Paulo Alves dá mais uma machada no nosso natural
> optimismo
> quando responde a essas ideias expressas pelo Miguel Figueiredo.
> Porém o próprio GWG é a prova viva de que o Paulo deveria ter em atenção
> algumas
> mudanças recentes.
> Mais uma vez este ano, a proposta de associativismo foi recusada por
> maioria absoluta
> no seio daquele grupo internacional. Quase todos os membros envolvidos
> deram como
> resposta inequívoca... estamos muito bem assim e " em equipa que ganha não
> se mexe ".
> O modelo associativo tem porém as suas vantagens e desvantagens.
> A associação nacional dedicada aos vivíparos em França teve que começar com
> os
> Guppies, embora fosse constituída por um núcleo de criadores sérios
> dedicados
> sobretudo às linhagens selvagens.
> Aliás, a AFV vai muito na direcção do que a Liliana propõe de forma
> sublime, isto é,
> tal como nos casamentos religiosos se ouve muitas vezes dizer... " não
> separe o Homem
> aquilo que Deus uniu », ou seja, não sejamos nós a contrariar a própria
> natureza e a
> separar em pequenos compartimentos estanques aquilo que os genes e a
> ciência nos
> revelam não estar compartimentado em caixinhas calafetadas.
> Dessa forma, correndo o risco de ser " excomungado " de vez da APK ( mas
> diplomaticamente mantido como sócio enquanto pagar as quotas ), não me
> importo de
> reactivar o assunto da formação de uma secção para Cyprinodontiformes
> vivíparos e
> ovovivíparos, apresentando essa proposta por escrito à Direcção, a fim da
> mesma poder
> vir a ser discutida na Assembleia-geral ordinária de sócios relativa ao ano
> 2012.
> A forma menos ambiciosa era começar pelo argumento de se formar uma secção
> para
> Goodeiídeos vivíparos, uma vez que os Goodeiídeos ovíparos ( ovulíparos )
> já hoje
> fazem parte do âmbito da APK. Mais tarde introduzir-se-iam os Poeciliídeos
> e os
> Anableptídeos ovovivíparos, pois os que põe ovos também já são actualmente
> considerados " Killies ".
> A forma mais ambiciosa era " entrar a matar " e propor logo a inclusão de
> todos os
> Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos, ressalvando talvez o facto de
> começarmos
> pelas linhagens selvagens e só mais tarde se dar a devida atenção a outras,
> caso tudo
> viesse a correr bem com esta experiência.
> Para além da evidência científica comprovar que esta ideia não é de todo
> tão
> descabida como os mais conservadores da APK possam querer, as vantagens
> seriam
> mútuas, quer para a associação quer para os seus actuais e futuros sócios
> que também
> se dedicam aos vivíparos e ovovivíparos.
> Aliás, todos nós criadores de espécies menos comuns em Portugal somos
> igualmente
> sócios da APK e esta poderia vir a ganhar ainda mais sócios e mais
> aficionados pelos
> Killies " por contágio ".
> Se o trabalho for bem organizado, não se daria aquilo que os actuais
> dirigentes mais
> temem... uma invasão de criadores de formas domésticas de Poeciliídeos, com
> as
> consequências que isso poderia vir a trazer em termos práticos,
> nomeadamente quando
> se pensa numa convenção e no leilão da mesma.
> Só queria que esses mesmos responsáveis tivessem estado presentes em
> Pont-l'Évêque e
> sobretudo que aí tivessem assistido à qualidade científica e ao nível e ao
> interesse
> das prelecções e ao leilão, onde de facto o Guppy ocupou quase metade dos
> aquários
> disponíveis mas onde ninguém sentiu complexos para aceitar a presença de
> Killies (
> Goodeiídeos e Poecilídeos depoistadores de ovos ). Aliás, muitos outros (
> grandes
> Aphyosemion, Rivulus, anuais Africanos e Sul-Americanos e outros géneros )
> forma
> trocados ou vendidos nos 3 dias do evento, sem que isso fosse causa de
> mal-estar.
> Muito pelo contrários, pois muitos de nós agradecemos esse facto, incluindo
> dois dos
> nossos inscritos nesta lista que assim receberam Killies que lhes trouxe de
> França.
> De qualquer forma o Paulo Alves volta a ter toda a razão quando refere que
> os meus
> esforços desesperados, no passado, para convencer a APK a incluir
> Cyprinodontiformes
> vivíparos e ovovivíparos no respectivo âmbito são incompreensíveis para os
> restantes
> membros da Direcção ( e mesmo para muitos sócios ), os quais suspeitarão
> realmente da
> minha sanidade mental.
> Sendo uma ideia inútil logo à partida, apesar de ser cientificamente válida
> e
> reforçada com os recentes exemplos da AFV, do GWG e de outros casos, há de
> facto a
> noção honesta de que algumas das mais proeminentes associações
> especializadas em
> Killies considerariam igualmente esta ideia absurda. Seria no entanto
> importante
> relembrar apenas que tais posições " conservadoras " surgem em contextos
> sociais e
> países muito diferentes do nosso, onde em primeiro lugar o associativismo
> especializado nos vivíparos é tão forte e organizado quanto o dos Killies.
> Por outro
> lado, a " massa crítica " ( para usar a terminologia do Paulo ) relacionada
> com os
> vivíparos e ovovivíparos é da ordem das muitas centenas ( quiçá alguns
> milhares ) de
> criadores sérios e motivos, mas sobretudo seria de realçar que o poder de
> compra ou a
> possibilidade de aquisição dos peixes selvagens... não tem nada a ver com a
> nossa
> realidade. No seio do GWG, por exemplo, há 3 expoentes máximos na
> manutenção e
> criação de espécies de Gambusia ( com mais de metade das espécies
> existentes cada um
> )... um Britânico, um Alemão e um  Francês. Quem diria!
> Enfim, cada um tem o que merece :)
>
>
> Um abraço
>
>
> Miguel Andrade
>
> ________________________________________
> De: cyprinodontiformes-bounces  viviparos.com
> [mailto:cyprinodontiformes-bounces  viviparos.com] Em nome de liliana
> Cardoso
> Enviada: quinta-feira, 13 de Outubro de 2011 12:35
> Para: undisclosed-recipients:
> Assunto: Re: [Cyprinodontiformes] Convenção em França
>
> Olá a todos,
>
> Pois foi exactamente isto que me passou pela cabeça mas tinha já em ideia
> falar com o
> Paulo e o Miguel logo à noite:
>
> (...) É pena mas é assim, os esforços desesperados do Miguel Andrade
> para convencer a APK a ter viviparos são compreensiveis para mim (...)
>
> Então acho e apoio que se deve voltar a insistir com a nossa APK, e acho
> que se deve
> fazer uma proposta por escrito, com tudo muito bem explicado com os
> objectivos,
> condições, pedido de "zona no forum", etc, etc (vocês sabem bem melhor do
> que eu) e
> em cada Convenção conceder um espaço para estes meninos mas com um limite
> de 20 a 30
> p.e.
>
> bjs
> Liliana
>
>
>
> Em 13 de outubro de 2011 12:26, paulo jose da fonte alves <
> pjdfalves  megamail.pt>
> escreveu:
> Miguel Figueiredo
>
> Sem associação estamos a falar de criadores individuais a criarem peixes, o
> que sempre aconteceu. Podem comunicar-se com outros criadores que gostem do
> mesmo grupo de peixes mas é tudo informal. Para mim chega e sobra. Como
> digo
> cá não há massa critica para mais. Mesmo nos foruns o interesse é muito
> limitado e 90% dele vai para os guppys. Para se ir para outro nivel é
> inevitavel ter ligações ao estrangeiro, para lá dos Pirineus, não há
> alternativa.É pena mas é assim, os esforços desesperados do Miguel Andrade
> para convencer a APK a ter viviparos são compreensiveis para mim mas não
> para
> o resto do Universo e muito menos para os restantes membros da APK e socios
> que suspeitam da sanidade mental do proponente. Tem que se viajar até
> França
> ou a outro pais para atingir um nivel que nos satisfaça, fiz isso muitas
> vezes
> quando haviam 3 ou 4 killiofilos em Portugal.
>
> Abraço
> Paulo José
>
> Abraço
> Paulo José
>
>
>
>
>
>
> > Divulgar viviparos não está diretametne relacionado com associativismo.
> > Divulgar viviparos passa por haver 5 ou 6 entusiastas que mantenham e
> > reproduzam algumas especies a longo prazo (vários anos) e que,
> regularmente,
> > divulguem os excedentes, a quem lhes possa dar a importancia e os
> cuidados
> > que merecem.
> >
> > Este tipo de divulgação é uma tarefa a 10 anos. Associativismo nesta
> área,
> > neste instante, serve de pouco. É como... bom, é como tentar a
> agricultura
> > biológica sem nunca antes ter semeado sequer umas batatas.
> >
> > O que é importante é que possa existir essa tal meia dúzia de VIPs e que
> > consigam ir mantendo, reproduzindo d obtendo excedentes de algumas
> especies
> > chave, a longo prazo.
> >
> > Os viviparos, por si só, são peixes ideais para aquário. Para
> conseguirmos
> > ter um núcleo de entusiastas por estas espécies em Portugal, só
> > precisariamos de assegurar logistica (peixes) e algumas entusiastas que
> os
> > propaguem.
> >
> > Estou certo que nos próximos anos haveremos de conseguir essa base, de 5
> ou
> > 6 pessoas.
> >
> >
> > Miguel
> > _______________________________________________
> > Cyprinodontiformes mailing list
> > Cyprinodontiformes  viviparos.com
> > http://viviparos.com/cgi-bin/mailman/listinfo/cyprinodontiformes
> >
>
>
>
>
>
> _______________________________________________
> Cyprinodontiformes mailing list
> Cyprinodontiformes  viviparos.com
> http://viviparos.com/cgi-bin/mailman/listinfo/cyprinodontiformes
>
>
>
> --
> Liliana Rio Cardoso
> 916081142
>
>
>
> _______________________________________________
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