[Cyprinodontiformes] Endler

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Sábado, 25 de Abril de 2009 - 01:42:20 WEST


Prezados colegas,

Com a devida autorização do meu amigo Felipe Aoki, atrevo-me a partilhar
convosco uma ideia particular e pessoal sobre a questão sempre polémica do
denominado " Guppy de Endler ", a qual foi expressa na minha última mensagem
de uma curta série onde temos estado a trocar impressões sobre este e outros
assuntos :

(...) Em relação à dúvida levantada pelo nosso amigo comum, o Bentes, tenho
a comentar que, de acordo com o sistema de classificação da ERU,
consideramos híbridos com Endler pertencentes à " Classe K " aqueles que são
óbvia e claramente resultado de intervenção humana em cativeiro.
Alguns destes podem até ser por vezes identificados na classe P, pois a
respectiva origem é desconhecida e, como acontece com todos os híbridos,
alguns descendentes herdaram características mais predominantes do Endler.
Habitualmente qualquer peixe cuja origem seja desconhecida, mas que se
enquadre nas características fisionómicas, dimensões e coloração dos animais
originais capturados na natureza, será considerado como pertencente à "
Classe P ", como o Bentes defende ( e muito bem ). O problema é que as duas
espécies estão tão próximas que muita gente defende que o Endler é apenas
uma subespécie de Poecilia reticulata.
Quem coloca machos adultos mortos lado a lado, percebe que há diferenças
evidentes até no formato do corpo " à vista desarmada ".
Em aquário com animais vivos é mais difícil perceber essas diferenças,
devido ao movimento dos peixes.
Mesmo as fêmeas são diferentes se as compararmos depois de mortas.
Se não for assim tão fácil notar as diferenças é porque por certo estamos
perante um híbrido.
Um exame rigoroso com uma lupa potente ou um microscópio revelará diferenças
no gonopódio e não só.
Outra forma segura de se apurarem as discrepâncias é no comportamento,
sobretudo os rituais de acasalamento e a cópula furtiva.
A Maria João teve uma introdução acidental de uma cria de Endler num aquário
com uma determinada estirpe de Guppy.
Só o notou tarde demais e devido ao comportamento dos novos machos,
particularmente assim que os " híbridos " atingiram a maturidade.
É claro que os cépticos não levam esta questão do comportamento a sério.
Muitos argumentam com o facto de que ainda por cima em cativeiro há
drásticas alterações de comportamento... o que não se pode negar, pois é
verdade.
No entanto esta era apenas uma forma de poder ajudar a definir o que é
classe P e classe K.
Também se nota uma diferença que pouca gente parece alcançar.
As fêmeas de Endler frequentemente têm partos de apenas duas a cinco crias
durante vários dias seguidos, com alguns intervalos pelo meio, enquanto essa
forma aparente de superfetação não tem sido observada em Poecilia
reticulata.
Na minha modesta opinião, o valor dos híbridos entre estas duas espécies não
deve ser tão negligenciado como entre outras.
Condeno veemente e sou totalmente contra as formas de hibridação provocadas
pelo ser humano, mas dado que em Cumaná a natureza já se adiantou nesse
processo, todos os híbridos de origem natural capturados na Venezuela
deveriam ter uma classe à parte e poderiam mesmo receber algum do nosso
respeito. Tais exemplares estão actualmente incógnitos na classe P,
misturados com alguns outros que deveriam, sem dúvida ser classificados a
classe K.
Quando não se sabe a origem com rigor, o máximo que se pode fazer é avaliar,
com os meios ao alcance do amador, a quantidade de " pureza " dos híbridos
em relação a uma das duas espécies que lhe deram origem, ou seja, observar
ao pormenor aquilo que é mais evidentemente relacionado com as
características de um ou do outro lado.
Dê-se uma espreitadela com atenção a exemplares mortos de ambas as espécies
com uma boa lente... e depois digam-me alguma coisa (...).

Agradeço a vossa atenção e despeço-me com amizade.

Miguel






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