[Cyprinodontiformes] Participação em fórum - Guppy vs Endler de Cumaná.

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Domingo, 27 de Março de 2011 - 22:55:19 WEST


Caros colegas,

Para os que não frequentam o aludido fórum, aqui vai mais uma partilha.
Hoje tive um dia extremamente activo em fóruns, mas como é óbvio não posso estar a
entupir a vossa caixa de correio com todas elas. 


Olá a todos,

Bentes, não te perdoo não me teres dado a conhecer o teu sítio.
Faz o favor de inaugurar o separador " friends " comigo. É o mínimo que podes fazer
para salvares a « honra do convento ».
Rodolfo, fico muito grato pelas tuas simpáticas palavras.
O meu sítio está muito desactualizado e só agora, em meados de Abril, é que " voltará
à vida ". Após um ano ( literalmente ) de inactividade, incluí apenas umas fotos em
Março ( graças à generosidade de um colega deste fórum ). Há muitas hiperligações
desactualizadas, muito material para inserir e sobretudo muitas horas de tradução (
não esquecer que o sítio é bilingue ).
Bartolomeu, como se pode observar pelas fotos que ilustram uma das minhas
participações no tópico há de facto diferenças que se podem detectar logo à partida.
Vamos no entanto partir do princípio que algumas linhagens têm maior ou menor
percentagem de genes de Poecilia reticulata, seja por via da hibridação seja por,
como defendem alguns, o processo de especificação estar ainda muito incipiente.
Assim sendo, comecemos pelo gonopódio, uma vez que este aspecto serviu inclusivamente
como forma eficaz ( e no inicio uma das únicas ) para a identificação e isolamento
das espécies de Poeciliídeos.
Nas fotos que ampliei e disponibilizo no meu sítio em -
http://www.viviparos.com/Galeria/Gonopodium%201.htm mas sobretudo aqui -
http://www.viviparos.com/Galeria/Gonopodium%202.htm - podem ser comparados vários
exemplos de diferença entre o Guppy e o Endler de Cumaná a este nível.
Algumas das fotos que utilizei como referência, noutra resposta a este tópico,
permitem aos mais observadores e aos mais experientes detectarem estas divergências,
mesmo sem ajuda de ampliação, pois de facto o gonopódio dos Endler é mais estreito (
sobretudo na terminação ), ligeiramente mais comprido e não tem o gancho tão
pronunciado.
O número de espigões também é diferente.
Mais uma vez relembro que há nuances em certas variedades de Endler e nos híbridos...
mas no Guppy, ao que me é dado observar, será sempre igual.
Agradeço muito a quem tenha imagens que comprovem o contrário o favor de mas mostrar.
A barbatana dorsal do Endler forma uma espécie de "A" deitado, isto é, não tem os
rebordos arredondados, como a do Guppy. É aquilo que eu chamo " ângulos rectos ", o
que na realidade e de acordo com a Geometria só acontece uma vez em toda a dorsal,
mas serve para deixar clara a ideia de que não é uma barbatana torneada mas sim com "
esquinas vivas ".
Vê as fotos que uso como exemplo.
Depois vem a parte da morfologia.
Sem entrar em métodos científicos, como os dados morfológicos, contagens merísticas e
medições morfométricas, como neste exemplo -
http://www.scielo.br/img/revistas/ni/v8n3/02f02.gif ( relativo à representação
esquemática das medições morfométricas de uma outra espécie ), há contudo algumas
diferenças assinaláveis entre os exemplares de Endler de Cumaná e Guppy, a começar
pelas dimensões de ambos os sexos após a maturidade. De facto, há uma notória
diferença no tamanho máximo dos adultos entre ambas as espécies, porém não vou entrar
por aí, pois há linhagens de Endler e linhagens de Endler ou populações de Guppy e
populações de Guppy. 
As disparidades mais evidentes a " olho nu " encontram-se mais ao nível do
comprimento e altura do pedúnculo caudal, altura do corpo e distância pré-dorsal (
esta última menos evidente ).
A variabilidade genética do Guppy leva muitos dos cépticos sobre esta classificação a
não reagirem a estas evidências.
Há de facto uma diferenciação de populações em Poecilia reticulata, tanto entre as
naturais como entre as introduzidas, o que leva essas pessoas a não prestarem atenção
a estas diferenças, reclamando que as mesmas se podem considerar dentro dos limites "
normais " da taxa de divergência entre populações desta espécie.
A ser assim, cientificamente o Guppy deixaria de ser uma espécie para passar a ser
classificado como um complexo de espécies.
Admitamos que os resultados em certos estudos indicam que a discrepância entre as
populações, em relação à maioria das características é de facto grande, algumas vezes
maior do que a esperada pela evolução neutra, dando mesmo a entender que um processo
de selecção direccional deve estar a ocorrer com grande rapidez evolutiva nesta
espécie extremamente " plástica " e polimórfica, mas é algo ainda assim muito
diferente do que a multiplicidade de raças de cães, por exemplo.
As modificações morfométricas e etológicas que ocorrem ao longo das gerações nos
seres vivos, constituindo as variações necessárias para a sobrevivência ou em função
da selecção sexual, estando na origem aos processos evolutivos.
Aqui o cerne da questão é o de determinar se as evidentes desigualdades entre o Guppy
e o Endler são apenas o início do processo de especificação de uma população isolada,
se o velho conceito de sub-espécie se pode aplicar neste caso ou se é apenas mais uma
variante da alta taxa de diferenciação, possível de encontrar com facilidade na
espécie ( complexo ? ) Poecilia reticulata.
Que as diferenças existem... lá isso existem. Basta despirmo-nos de preconceitos e
compararmos as fotos de 2 machos, à mesma escala, usando para tal meia dúzia de
parâmetros mensuráveis.
Mas não entremos por esta via acidentada.  
Este peixe - http://www.hexazona.com/images/ichthys3000/Poecilia%20wingei%2001_.jpg -
é claramente um híbrido, com base em tudo o que acabo de descrever, pois tem
características intermédias entre ambos.
No entanto podemos perceber que à luz do antigo conceito de sub-espécie seria
classificado como Poecilia reticulata wigei (ou outro nome qualquer ) há menos de
meio século.   
Esta diferenciação é tão evidente nos indivíduos geneticamente mais afastados que
ocorre uma situação que ainda ninguém me quis clarificar.
Porque razão as fêmeas de Endler de Cumaná de certas linhagens dão há luz pequenos
grupos de crias, durante vários dias consecutivos ( às vezes com intervalos pelo meio
)... e tal nunca ocorre com as parturientes de Guppy ?
Como existe uma quase certa intrusão de genes de Guppy em algumas linhagens de
Endler, esta variante de procriação, a fazer lembrar o fenómeno de superfetação, não
é um sinal inequívoco de mais um forte indício de diferenciação, no entanto acontece
com muita frequência na dita " classe N ".
Pergunta a minha curiosidade... há alguma população de Guppy onde tal também aconteça
?


Um abraço

Miguel Andrade 





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