[Cyprinodontiformes] A minha mais recente intervenção no tópico " Separar o Trigo do Joio ".

www.viviparos.com viviparos viviparos.com
Sábado, 26 de Fevereiro de 2011 - 20:16:07 WET


Caros colegas,

No seguimento do que tem sido prática corrente, aqui partilho convosco a minha mais
recente intervenção no tópico " Separar o Trigo do Joio ". 
Convido-vos a todos a fazerem o mesmo, pois podemos estar a perder intervenções
vossas do interesse comum, pelo facto de não estarmos inscritos nos fóruns em
questão.
Aqui vai disto:


Assunto: Re: Separar o Trigo do Joio.
quinta-feira 24 de Fevereiro 12:41    

Boas Miguel,
bem já tinha lido o tópico mas andava aqui a digerir a informação e agora estive a
ler de novo...
antes de mais há uma zona Geral para os vivíparos, logo quando entras no forum
Viviparos tens a zona Geral  ...

- Tenho uma opinião tanto ou quanto idêntica à tua no que toca à manutenção das
espécies animais, não só no que toca a vivíparos mas como em geral...houve em tempos
linhagens que me seduziam e andei com a loucura de encontrar e manter uma pelas cores
que apresentavam ou apenas porque desconhecia a beleza de espécies "naturais"...no
entanto não critico que opta por esta vertente da aquariofilia...

- realmente sem os ditos peixes dos iniciantes provavelmente muitos perderiam a
paixão pela aquariofilia e ainda é isso que muitos têm de compreender neste pequeno
espaço (Portugal). A importância dos ovovivíparos na "sociedade aquarófila"...

-Ainda por fim, quanto ao artigo estou a dar a volta a todas as "fichas" aqui na
área, mas como sabes, o tempo corre não anda..e conto com as tuas preciosas
informações e mesmo correcções para melhorar todos os aspectos...
Mais uma vez quero felicitar as tuas participações aqui no forum que em tanto
elucidam...

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Assunto: Re: Separar o Trigo do Joio.
Hoje às 19:56


Olá Fábio,

Estás coberto de razão.
Podia ter de facto escrito este tópico na área geral dos vivíparos, até ficava com
mais " visibilidade " e tudo.
Deixa lá, não me leves a mal, são percalços de " maçarico " ( Santa inexperiência a
minha ).
Com as tuas permissões de moderador, fazias um grande favor a todos se te fosse
possível mudar este tópico para o sítio certo.
Conta comigo para te ajudar nas fichas daquelas espécies sobre as quais possuo
conhecimento suficiente para colaborar.
A tua intervenção prestava-se a uma autêntica dissertação académica.
Resumidamente, era no entanto essencial alertar para o cerne da questão e não para o
acessório.
De facto há muitos argumentos extremamente válidos contra as linhagens domésticas,
mas sobretudo objecções científicas e éticas contra a forma como as selecções
artificiais de reprodutores são praticas, em particular pelos amadores e pequenos
reprodutores, ou seja, nós !... comuns mortais e aquariófilos com menos de 100.000
litros de água geridos.
Não vou entrar por aí por duas razões;

a) Já estou a ficar muito " velho " e acomodado para me envolver em causas pelos
Direitos dos animais, particularmente ao nível da aquariofilia, onde a mensagem
contra as linhagens não passa.
Temos que considerar o facto da esmagadora maioria dos nossos colegas apreciarem os
peixes com a " leveza " de quem tem uma meia dúzia de aquários ( quando não apenas um
) e a aquariofilia não será nunca algo mais do que um passatempo " ligeiro ".

b) As " experiências genéticas " feitas em casa, de forma amadora, artesanal e
completamente inocente, não são crime nem podem ser comparadas às atrocidades que são
cometidas por alguns industriais ou gente que usa modernas técnicas laboratoriais, as
quais não estão ao alcance do curioso que tenta brincar às linhagens no nosso nível.

Assim sendo, clarifico e deixo claro, que não sendo um fanático pelo lema « o que é
natural é que é bom », progressivamente abandonei as variedades domésticas ( sem
dívida mais " bonitas " ), optando, sempre que possível, pelas originais, ou seja,
peixes não adulterados pelo homem ( mas não obrigatoriamente selvagens, isto é,
capturados na natureza ).
Não estou a sugerir que todos tenham aptidão para fazerem o mesmo, mas ficaria muito
feliz se pensassem um dia sobre esta possibilidade e, pelo menos alguns, adoptassem
essa prática ( as razões são tão óbvias e tantas que me vou abster de as enumerar ).
A indústria tem que existir sim senhor. Há pelo menos meio século que já estava na
altura de reduzirem as capturas na natureza, ao mínimo indispensável, e não fazer
disso quase norma.
O que continuo a contestar são as aberrações.
Considero pessoalmente uma aberração, sempre que um indivíduo de uma determinada
espécie apresenta, flagrantemente, " novidades " ou singularidades fisionómicas que
não se encontram nos indivíduos selvagens.
Não se incluem nesta minha opinião os padrões coloridos, isto é, linhagens criadas em
cativeiro com coloração completamente diferente da dos respectivos antepassados.
O que contesto são colunas vertebrais disformes, corpos " encolhidos ", barbatanas "
descomunais ", olhos salientes, " ponpons ", bossas onde elas não existiam,
barbatanas a menos... enfim, todo aquele pavoroso espectáculo que nos deveria
envergonhar, em primeiro lugar como seres humanos e em segundo lugar como
aquariófilos.
A prática responsável do nosso passatempo, não é apenas o cuidado com a adequação dos
parâmetros físico-químicos e ambientais aos seres vivos mantidos num aquário ( ou
lago ).
Não basta escolher bem uma comunidade de peixes compatíveis ( seja lá o que isso for
) nem ter todo o cuidado em proporcionar-lhes a água, a temperatura, a iluminação, a
dieta, o espaço disponível, o tipo de ambiente recriado ( leia-se decoração para
alguns ) ou a correcta composição da flora e dos invertebrados incluídos nesse meio.
É obviamente impensável convencer as pessoas de que, pelo facto daquela espécie de
peixes em particular ter evoluído numa água turva ( da cor do chá com leite ), que o
seu aquário deva imitar o ambiente natural ao ponto de não ser ver mais do alguns
centímetros para lá do vidro.
Mas é urgente e indispensável explicar-lhes que: 

a) Como consumidores, não devem adquirir animais geneticamente modificados, híbridos
ou linhagens com anomalias morfológicas ( ver a minha definição acima exposta ).

b) Como aquariófilos conscientes e sérios, devem informar-se ( acto contínuo, não
basta no início ou " quando dá mais jeito apenas naquela altura tal " ).

Um aquariófilo consciente e informado não manterá nem seleccionará uma linhagem com a
barbatana caudal " em forma de véu ", pois terá compreendido ( e lido ) os efeitos
potencialmente dolorosos, nefastos, perniciosos e prejudiciais para a saúde o peixe (
com complicações tanto ao nível da coluna vertebral, como para a sua mobilidade ), os
quais se agravam muito com a idade.
O problema, meu caro Fábio ( e amigos que lerem esta mensagem até aqui ), é que os
peixes não gemem de dor nem choram, pois algumas destas " desumanidades " que tanto
prazer dão a alguns orgulhosos criadores e seus clubes, são equivalentes para os
nossos animais de " estimação " aos problemas de saúde causados pelos pés de lótus,
nas mulheres na antiga China -
http://www.clinicaecirurgiadope.com.br/index.php/historia-2 ( vão descendo para verem
as fotos, mas não o façam se são impressionáveis ).
Pensem nisto, se realmente estimam os vossos peixes. 
Espero que compreendam onde quero chegar ao separar o trigo, das linhagens com o
objectivo de modificar apenas a cor, do joio as linhagens que seleccionam peixes com
anomalias morfológicas ( leia-se monstruosidades ).

  
Um forte abraço

Miguel Andrade





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