[Cyprinodontiformes] Partilha de algumas coisas interessantes...

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Sexta-Feira, 31 de Julho de 2009 - 01:01:38 WEST


Caros amigos,

Com a permissão do Felipe, volto a partilhar convosco algumas passagens que
considero interessantes na nossa recente troca de correio.

________________________________________
De: Felipe Aoki 
Enviada: sexta-feira, 24 de Julho de 2009 03:27
Para: Miguel Andrade
Assunto: Depois de um bom tempo sem notícias...

 Boas, Miguel!


(...) Contudo, ocorreu um encontro de amigos aquaristas em um estado vizinho
do meu e, como a maior parte de meus amigos não são concidadãos meus e eu
estava de férias (bem curtas, por acaso) do curso pré-vestibular que
frequento, fui e, nos tanques de um amigo , o Rony Suzuki, consegui capturar
alguns platies muito interessantes: foto1, foto2, foto3.
Achei-os parecidos com a população de Papaloapan que tens na galeria do X.
maculatus em teu site. Falei com nosso amigo Bentes e ele ficou
impressionado com as listras e comentou que é um carácter recessivo e que
tive muita sorte ao encontrar exemplares tão próximos de seus descendentes
selvagens ( foram colocadas variedades comerciais simples nos tanques há
alguns anos e creio que a ausência de selecção resultou em tais indivíduos,
coisa que descarta a certeza de exemplares puros, sem hibridização,
infelizmente ).
A pena é que pardos só achei 2, a fêmea da foto 1 ( espero ser fêmea... está
chegando nos 2 cm ainda e pode ser que mude ) e o macho da foto 2.
De resto são que nem os da foto 3, com um vermelho bem bronzeado e com
brilho verde ( cor que, creio eu, aparece em exemplares selvagens ), Bentes
disse que como o padrão é o mesmo, podem ser usados para selecção de
exemplares listrados já que em poucas gerações o laranja já some.
Por extrema coincidência, em minha passada por Curitiba, uma semana antes,
consegui achar alguns exemplares também listrados em uma bateria de plantas.
São descendentes da mistura entre " blue wagtails " e vermelhos comuns, as
listras apareceram por serem recessivas: foto.
Pela variante " blue wagtail " ser um tanto suspeita em relação a
antepassados ( podendo ter havido cruzamentos com o X. xiphidium para apurar
a linhagem ), não os deixarei nem perto dos que capturei, apesar das listras
fantásticas.
(...) Agora, quanto aos Micropoecilia, VIVA! 
Um recém conhecido meu achou uns que se parecem muito com os branneri. Ele
está disposto a mandar-me uma boa quantidade ( 2-4 trios, creio que é uma
quantidade boa para um começo, não ? ) e tem espaço para uma adaptação e
engorda dos mesmos antes do envio ( mais perfeito impossível ).
Ele é mais um disposto a lutar pela valorização dos vivíparos aqui no
Brasil. Espero ter em breve óptimas notícias.
(...)

Felipe Aoki Gonçalves. 



-----Mensagem original-----
De: Miguel Andrade 
Enviada: terça-feira, 28 de Julho de 2009 00:54
Para: Felipe Aoki
Assunto: RE: Depois de um bom tempo sem notícias...

Alô Felipe,

Obrigado pelas novidades.
E que boas notícias meu caro amigo.
Começando pelos Xiphophorus maculatus, tenho a comentar que os achei muito
bonitos.
O que se está a passar no tanque do Rony Suzuki é uma regressão, ou seja,
alguns exemplares começam a apresentar caracteres dos seus antepassados
selvagens, uma vez que provavelmente estão a viver num ambiente indicado
para que isso tenha lugar.
Para quem gosta de estirpes selvagens é boa notícia... mas para quem só
aprecia as mais exóticas resultantes da selecção reprodutiva doméstica...
uma regressão é sempre uma má notícia.
As regressões são uma forma da natureza nos relembrar quais são os
indivíduos mais aptos a sobreviverem. Quanto mais natural for o ambiente e
mais se fizer notar a presença de predadores ( nomeadamente larvas de
insecto ou peixes carnívoros )... mais depressa os indivíduos com caracteres
selvagens se tornam dominantes.
A má notícia é que uma regressão também pode ocorrer por efeito da
endogamia.
De toda a forma as formas naturais são tendencialmente mais predominantes
pois não são tão recessivas como as de criação. Aliado a esse facto está o
inegável poder dos genes, os quais só permitem o aparecimento das variedades
domésticas com base em mutações pouco frequentes.
Para se consolidar uma linhagem doméstica é necessário mais luta e
vigilância do que deixar a natureza fazer o seu trabalho. Para além do mais,
uma mutação doméstica é extremamente recente, particularmente quando
comparada com as linhagens ancestrais.
Também encontro parecenças com a população Papaloapan, contudo há evidentes
analogias igualmente com uma outra de Rio Prieto ou mesmo com a de Hulyapan.
Teremos que esperar mais algumas gerações, sob condições óptimas para ver no
que dá.
Não devemos esquecer que, entretanto em cativeiro, podem ter ocorrido muitas
misturas e até cruzamentos com outras espécies de Xiphophorus.
Isto não quer dizer que esteja a insinuar que esses peixes sejam híbridos,
pois não tenho dados nem forma de o avaliar.
De qualquer forma, aos meus olhos são lindos.
O Bentes tem razão.
Como conseguimos desenvolver as estirpes domésticas por selecção de
reprodutores... também poderemos fazer o contrário, acelerando o trabalho da
natureza.
Há quem defenda que a selecção artificial no sentido inverso, ou seja, no
regresso às origens, será sem dúvida mais nobre do que a criação de
variedades domésticas com cores fabulosas ou barbatanas enormes, ao encontro
do nosso sentido de estética.
Não sou radical a esse ponto.
Quanto aos Platies de Curitiba, Felipe, duvido que tenham genes de
Xiphophorus xiphidium, mas mais uma vez não posso avaliá-lo apenas através
de fotos. Fica somente registada a minha reserva cautelosa.
Sou de opinião que não devas juntá-los, nomeadamente se pretendes acelerar a
regressão dos primeiros ( os que se parecem com a população de Papaloapan ).
A presença das listas em ambas as linhagens não quer dizer nada, pois essas
mesmas listas podem ter origens genéticas diferentes.
(...)
Quanto à Micropoecilia são excelentes notícias.
(...)
Quanto maior for o grupo do núcleo fundador da nossa colónia... melhor.
É preferível começar com 2 a 4 trios do que com um casal.
Começar com um casal é " um tiro no pé " e um bilhete para o gargalo
genético.
Em Poeciliídeos o número de machos no grupo de matrizes é pouco
significativo.
5 ou 6 fêmeas grávidas são tão importantes como 24 casais ou 8 trios.
Se as fêmeas estiverem em gestação, é pouco provável que engravidem dos
machos que as acompanham, a não ser que estejam juntos bastantes meses.
Tendencialmente os espermatóforos ( espermateuzigmatas ) mais frescos tendem
a substituir os antigos, caso as fêmeas sejam fecundadas no momento certo,
ou seja no tempo certo após o parto mais recente. Caso contrário, elas darão
à luz durante muito tempo apenas crias dos machos que as fertilizaram antes
da captura. Esses machos que as acompanham serão por certo pais biológicos
da maioria dos netos dessas fêmeas.
(...)


Um abraço

Miguel







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