Re: [viviparos_portugal] Temperaturas e " Estudo de Caso "... a sobrevivência das Amecas e das Xenotocas

Miguel Figueiredo fig.miguel QNktBiRzJNFghGZOxf63cDMDoB5mqMdDkeNdF295IJquOB6aiWddjWBMV5y_1asZLkEvBPjgMF9YeidLnA.yahoo.invalid
Terça-Feira, 13 de Maio de 2008 - 14:03:49 WEST


Viva,

Penso que a dificuldade de manter peixes tropicais ou sub-tropicais no
exterior em regiões temperadas, como Portugal, é, como referes, a
possibilidade de, ocasionalmente, talvez uma vez em cada década, haver
um inverno mesmo muito frio, ultrapassando as condições limite e
matando a peixaria.

Também pode suceder o contrário, lembro-me de verões em que as
temperaturas atingiram os 43, 44 C em Lisboa, matando inclusivamente
milhares de frangos nos aviários....

Algumas espécies aguentam tudo. Houve um ano em que mantive Aphanius
sophiae em aquário no exterior. Aguentaram o inverno sem problemas e
reproduziram-se na primavera. O aquário estava exposto ao sol e, a
água. no verão, atingiu provavelmente os 40 C. As plantas
desfizeram-se todas: vallisneria, elodea, C. demersum, etc, mas os
peixes sobreviveram!

Penso os peixes semi-tropicais, quando mantidos no ambiente
semi-natural de um lago de jardim, irão, ao longo de algumas gerações
(décadas), adaptar-se ao clima mais frio. Se mantivermos algumas
dezenas de exemplares num lago, poderão morrer 80 ou 90% em invernos
particularmente frios mas os que sobrarem irão sucessivamente gerar
uma descendencia mais resistente.


Miguel



On 5/12/08, Miguel Andrade <Cyprinodon  Ly4vKPToXjvGMdI3qMs4NmpzfZun0OVl0MOPOf7_1x2sYFCIRWTiEwAxI9vs7F4xGOc3FkJE9Wo_.yahoo.invalid> wrote:
>
>
>
>
>
>
> Prezados colegas,
>
> Convido-vos a visitarem a actualização ao meu sítio na Internet que acabo de
> fazer na parte ( 3.5 ) dedicada ao clima, na secção de Biologia (
> http://www.viviparos.com/Biologia ).
> Através da ligação - http://www.viviparos.com/Biologia/Temperaturas.htm
> poderão ter acesso aos primeiros dados sobre temperaturas da água ( todo o
> ano ) em diversos locais das regiões de origem dos nossos peixes mais
> famosos.
> Ainda sobre este mesmo tema, convido-vos a explorarem a ligação -
> http://www.viviparos.com/Biologia/Lago.htm para, a partir daí, poderem ter
> uma noção das temperaturas da água dos meus lagos, registadas num período de
> 20 anos.
> Agora vem a parte melhor.
> Se compararem os dados de Guadalajara ou San Luis de Potosi, a partir da
> primeira ligação, com a figura 1 da segunda... poderão compreender porque é
> que as espécies Ameca splendens e Xenotoca eiseni resistirão no exterior a
> maior parte dos nossos Invernos, ( como aconteceu neste que passou, por
> exemplo ).
> Chamo a vossa atenção para um facto em particular.
> Reparem que embora as temperaturas da água que se registam nas regiões de
> origem destas espécies no México desçam tão baixo como as nossas... o número
> de dias a que se encontram abaixo dos 10ºC é comparativamente menor ( não
> está no gráfico de Guadalajara, é uma informação obtida através dos serviços
> de Meteorologia do México ).
> Outra nota imprescindível vai para o facto de que a amplitude térmica nestes
> lugares ser muito maior do que a nossa.
> Isto significa que estes peixes toleram de facto temperaturas incrivelmente
> baixas mas... durante somente algumas horas; pois no mesmo dia em que
> podemos ter mínimas iguais às registadas cá durante a madrugada, ao meio dia
> do dia seguinte a água estará por certo entre 16º e 19ºC, ( enquanto cá não
> passará dos 9ºC ou 10ºC à mesma hora do dia nessa época do ano ).
> Acrescento também o facto de que as máximas habituais para Janeiro no meu
> lago rondarem habitualmente cerca de 13ºC, enquanto no México, apesar da
> altitude, ela chegar a subir aos 21ºC.
> Tal facto deve-se ao efeito combinado da latitude com os dias soalheiros do
> Inverno da Região.
> Dito isto, sou levado a creditar que nem todos os Invernos em Portugal
> permitirão manter estas espécies todo o ano ao ar livre.
> A terminar apenas um aparte para o caso de certas espécies de Goodeiídeos
> encontrados mais a Norte e a maior altitude como certas espécies do género
> Characodon.
> É muito provável que as mesmas não resistam aos nossos Invernos no exterior
> pois muitas delas se refugiam em nascentes de água quente ( de origem
> vulcânica ) durante as noites geladas com temperaturas negativas no seu
> habitat.
> Ficarei atento aos vossos comentários.
>
> Um abraço
>
> Miguel
>
>
> 

           



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