[Cyprinodontiformes] continuação do meu tópico no Fórum Aquariofilia

www.viviparos.com viviparos viviparos.com
Domingo, 17 de Janeiro de 2010 - 23:29:21 WET


Prezados colegas,

No seguimento do tópico " Híbrido de Gambúsia com Guppy, ( híbridos entre
géneros diferentes ) ", colocado no Fórum Aquariofilia
(http://www.aquariofilia.net/forum/index.php?showtopic=131717 ), aqui vos
deixo uma cópia da segunda parte do mesmo :


Prezados colegas,

A pedido de um de vós, resolvi antecipar para hoje a conclusão deste tópico.
Aguardava apenas por mais uns dias de frio para chegar a algumas conclusões
relacionadas com a temperatura, como poderão compreender mais adiante.
No seguimento da primeira parte deste tópico passo a descrever a continuação
de uma experiência destinada a testar as inúmeras suspeitas levantadas sobre
o assunto por outros utilizadores inscritos. 
O trio descrito nesta experiência durante a mensagem anterior, permaneceu
junto até finais de Outubro.
Durante esse período de tempo foram escrupulosamente respeitadas as
condições de manutenção descritas anteriormente.
Poucas semanas após a minha mensagem original, a fêmea deu no entanto à luz
pelo menos uma cria.
Tal situação não é inédita e tem uma explicação simples relacionada com os
mesmos mecanismos que permitem a estas espécies a preservação de esperma
viável por vários meses, no entanto poderia ter sido um fenómeno diferente,
como o que acontece no famoso caso Poecilia formosa.
Entretanto quero aqui apenas destacar que esta cria só veio provar que as
condições criadas se revelaram, de facto, eficazes na protecção de eventuais
recém nascidos em relação aos vorazes ataques dos machos Gambusia hobrooki.
Ao crescer o suficiente, a cria passou a aventurar-se acima da protecção do
Musgo de Java e integrou-se, a pouco e pouco, no grupo de três adultos das
duas espécies.
Não se registou nenhuma gestação visível na fêmea, nem tão pouco apareceram
mais recém nascidos.
Por precaução, durante o mês de Novembro, a fêmea foi ainda colocada num
aquário maternidade de 35 litros, com barreira de rede a meio, separando a
Guppy do fundo do aquário num compartimento superior a todo o seu
comprimento e largura.
Foi ainda adicionado algum Musgo de Java e Riccia fluitans nessa área
vedada, onde se encontrava a fêmea.
A temperatura foi elevada lentamente até aos 24ºC e redobraram-se os
cuidados com a qualidade do alimento fornecido.
No compartimento inferior foi libertado um generoso grupo de camarões " Red
Cherry ".
Durante pouco mais de um mês, nada aconteceu.
Foi então introduzido um macho de Poecilia reticulata var 3/4 negro no
aquário maternidade.
De imediato as tentativas de acasalamento começam, sendo que nos primeiros
dias a fêmea se esquivava constante do persistente macho.
Ao fim de algum tempo começaram-se a notar os primeiros sinais de gestação,
sendo que a residência aos contactos com o macho se diluíram bastante.
O macho foi então retirado e devolvido ao seu proprietário original.
A fim de sensivelmente 26 dias de gestação a 25ºC, nasceu um número
desconhecido de crias, das quais 12 apareceram no compartimento de baixo e
de onde foram retiradas ao fim de uma semana.
28 dias após este primeiro parto, deu-se nova aparição de crias, totalizando
31, as quais de novo foram retiradas ao fim de uma semana e juntas às
primeiras num aquário à parte.
Todas as crias estão ser criadas até os primeiros machos atingirem o pleno
desenvolvimento com a maturidade sexual, a fim de se determinar a espécie e
variedade, sendo separadas por sexos assim que tal for possível de se
perceber.
A fêmea original entretanto faleceu a meio da terceira gestação, vítima de
uma infecção de origem bacteriana.
E quanto à única cria que apareceu no local da experiência ?
Essa foi aí preservada, a fim de se conseguir uma identificação positiva com
a maturidade.
Esta cria foi crescendo até se transformar numa fêmea adulta.
Morfologicamente não há nada que a distinga de uma vulgar fêmea de Poecilia
reticulata.
Ambos os machos de Gambusia holbrooki começaram a copular com ela a partir
do momento em que atingiu mais de 27 mm, tendo redobrado as respectivas
atenções após a retirada da fêmea original, mãe da actual e das crias
nascidas nos dois outros partos e atrás mencionada como falecida.
Continuaram a não existir sinas de gestação nem apareceram mais crias a
coberto do musgo no local onde estava reunido o trio das duas espécies.
A temperatura foi descendo progressivamente até ter atingido 15ºC por duas
vezes.
Um dos machos Gambusia holbrooki morreu entretanto em resultado dos
ferimentos resultantes de combates com o outro.
As temperaturas mais baixas provocaram as expectáveis mudanças de
comportamento na fêmea Guppy desse trio ( agora casal ), observáveis noutros
membros da sua espécie submetidos a limites próximos do da sobrevivência.
O macho Gambusia holbrooki sobrevivente continua activo, a alimentar-se com
apetite mas perdeu o impulso sexual sensivelmente abaixo dos 17ºC, tendo
deixado de perseguir a fêmea, mesmo nas raras alturas em que a temperatura
voltou a elevar-se acima desse valor no último mês.
Se esta segunda fêmea resistir ao Inverno, em particular às temperaturas a
que está submetida num aquário não aquecido ( relembro que a Gambusia
holbrooki tolera até 4ºC ), será mais tarde colocada no aquário maternidade
e junta com outro macho de Poecilia reticulata um mês depois, nomeadamente
se não entrar em gestação entretanto.
Embora os resultados actuais ainda não sejam conclusivos, tudo leva a querer
que as minhas suspeitas originais se vão confirmar, isto é, que o cruzamento
entre estas duas espécies não será de todo provável e concretizável.
Caso tivesse condições para o fazer, repetiria a experiência, mas desta vez
com um grupo de matrizes mais representativo, desafiando dessa forma as leis
da probabilidade.
Utilizaria para o efeito, crias de várias variedades de Poecilia reticulata
e mesmo de Poecilia c.f. wingei de onde seleccionaria as fêmeas, depois de
ir retirando todos os machos que iniciassem o processo da maturidade sexual.
Os machos de Gambusia holbrooki seriam igualmente seleccionados a partir de
um grupo de crias imaturas e atingiriam a respectiva maturidade já na
companhia das fêmeas Guppy e Endler.
Se entretanto acontecer algo que justifique nova actualização deste
tópico... contem comigo.
Continuo entretanto muito decepcionado pelo facto de ninguém ter descrito
resultados contrários aos aqui relatados ( nomeadamente ao fim de
praticamente 7 meses após o meu apelo original nesse sentido ).
Qualquer leitor deste tópico que tenha provas concretas de híbridos entre
estas duas espécies, como tantas vezes já se fez crer neste fórum ( de uma
forma directa ou indirecta ), pode contudo manter o anonimato enviando-me
uma mensagem particular para cyprinodon ( at ) clix.pt ou geral ( at )
viviparos.com.
Não levem o meu cepticismo ao radicalismo e não se inibam de me desvendarem
algo que mudaria instantaneamente a minha opinião.
Fico grato pelo vosso interesse e atenção e faço votos de que prossigam com
os maiores sucessos na aquariofilia.

Um abraço

Miguel




Mais informações acerca da lista Cyprinodontiformes