[Cyprinodontiformes] Novo tópico da minha autoria no fórum de aquariofilia ( http://www.aquariofilia.net/ )

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Quarta-Feira, 1 de Julho de 2009 - 00:33:59 WEST


Prezados colegas,

Tenho lido constantemente neste fórum ( assim como em muitas outras fontes
), relatos de híbridos entre a Gambúsia e o Guppy.
Já me cansei de explicar, mais ou menos cientificamente, porque é que, à
partida, a natureza não permite que isso aconteça, contudo, perante a
insistência de tantos testemunhos que o afirmam… pus em prática aquilo que
alguns confirmam ter acontecido.
Há uns meses atrás surgiu a oportunidade inesperada de ensaiar a experiência
com três peixes, dos quais não estava de todo à espera.
Depois das minhas suspeitas e interrogações sobre a existência de mais de
uma espécie de Gambúsia nas nossas águas nacionais, tenho recebido o apoio
de alguns amigos que, de tempos a tempos, lá me mandam exemplares para
observação ao microscópio e identificação.
Certo dia, um desses beneméritos foi o meu prezado amigo Bentes.
Presenteou-me com 3 exemplares ( dois indivíduos imaturos e uma fêmea muito
jovem ) daquilo que poderia vir a ser identificado como hipoteticamente a
espécie Gambusia affinis.
Logo na altura percebi que na realidade tudo apontava para que fosse mais
uma população de Gambusia holbrooki, apesar de alguns traços realmente
distintos nos animais imaturos.
A maior surpresa foi a dita fêmea pertencer à espécie Poecilia reticulata,
apesar de não exibir ainda qualquer colorido característico das variedades
domésticas.
Como os restantes dois indivíduos não tinham atingido ainda a maturidade
sexual, o que não é bom para uma identificação com o mínimo de
credibilidade, resolvi preservar o trio num recipiente de 30 litros,
tentando comprovar aquilo que tantos afirmam ser possível, apesar de nunca
ter sido demonstrado cientificamente.
Já se passaram vários meses entretanto.
Os três peixes cresceram e desenvolveram-se.
Os dois da espécie Gambusia holbrooki são hoje machos adultos e sexualmente
activos.
O da espécie Poecilia reticulata tem todas as características merísticas
próprias da sua espécie e é sem dúvida e inegavelmente uma fêmea.
Apesar de ter sido confundida com um híbrido entre as duas espécies, quando
atingiu a plenitude revelou pertencer a uma comum variedade doméstica de
Guppy.
Esta fêmea em particular aprendeu a lidar com a insistência e agressividade
dos dois machos Gambúsia.
Um deles, como acontece em muitas espécies de Poeciliídeos, desenvolveu-se
mais rapidamente e ficou muito menor do que o outro, o qual levou cerca de 3
meses mais a atingir a maturidade sexual.
Tirando esse facto, apenas na altura do corpo se nota uma muito ténue
diferença entre ambos.
Assim que atingiram a maturidade sexual começaram em poucos dias a acasalar.
Tenho sido testemunha de inúmeros acasalamentos com sucesso desde então,
especialmente durante a distribuição das refeições, levando estes machos a
técnica da cópula furtiva ao extremo ( precisamente nessa altura em que a
fêmea está distraída a alimentar-se ).
Curiosamente, esta Guppy aprendeu a defender-se tanto da cópula furtiva como
da agressividade dos machos. Há mais de dois meses que não exibe ferimentos
ou danos, nomeadamente na cauda. 
Independentemente de estar a ser fecundada diariamente por dois machos, não
há sinais visíveis e aparentes de gestação, embora a temperatura tenha sido
permanentemente mantida acima dos 24ºC desde o início da experiência.
O fundo do recipiente está coberto com uma camada de “ Musgo-de-Java “, a
qual, além de albergar camarões “ Red Cherry “ recém-nascidos permite a
sobrevivência de pequenos invertebrados que são servidos como alimento vivo
aos peixes, o que me leva a supor que também serviria perfeitamente de
abrigo seguro para alguma eventual cria.
O trio vai ser mantido assim, apartado por mais 3 meses, ao fim dos quais
será separado. A fêmea será então incluída num grupo da sua espécie mas de
outra variedade, onde se destaque muito claramente… a ver se engravida.
Caso inicie uma gestação assim que for fertilizada por machos Poecilia
reticulata, darei como provada a minha teoria ( a qual é em suma baseada
naquilo que tenho lido em artigos científicos ).
Gostaria de solicitar a algum dos meus leitores que foram testemunhas de
híbridos entre estas duas espécies, o favor de me enviarem provas disso para
este tópico ou via endereço particular ( vivíparos[at]vivíparos.com ).
Não estou a duvidar de ninguém, mas como comigo a experiencia não está a
funcionar cada vez mais preciso de provas concretas para mudar de opinião.
Grato pela vossa atenção eventual ajuda.

Miguel





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