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Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos Livebearer Cyprinodontiformes Espécies > Ficha da espécie > Poecilia wingei Species > Species profile > Poecilia wingei |
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Macho adulto : 19 a 21.5 mm Fêmea adulta : 27 a 31 mm
Raios da barbatana caudal : / 12 ( 14 ) Escamas na linha lateral : 26 ( 27 ) Relação cabeça / comprimento total ( macho ) : 0,21 Relação cabeça / comprimento total ( fêmea ) : 0,19
Durante a estação das chuvas estes corpos de água comunicam entre si, mas sobretudo durante a época seca transformam-se em lagoas de águas paradas ou quase. Nessa altura têm lugar algumas variações de salinidade de acordo com a sazonalidade e com ligações ao oceano. Este ambiente varia entre água doce e salobra. É o ambiente típico das zonas costeiras rodeado de mangue negro. Toda a região é praticamente desértica com clima seco e quente, ocorrendo por vezes inundações de tempos a tempos. Os primeiros exemplares que foram trazidos para o cativeiro durante a expedição de 1975, provinham dessas águas duras e densamente povoadas por algas unicelulares que lhe davam uma coloração verde muito intensa e pouca transparência. A temperatura destas águas situavam-se na ordem dos 27ºC aquando da referida colecta. Algumas das fontes consultadas sustentam que a Lagoa de Los Patos foi sendo formada ao longo do tempo através da evolução lenta de um sistema de dunas no litoral do Noroeste da Venezuela. Movimentos de inertes na orla marítima acabariam por criar uma enseada que a pouco e pouco se foi transformando numa lagoa completamente isolado do oceano. As originais águas provenientes do mar, acabariam lentamente por perderem salinidade por acção das chuvas e dos escorrimentos de água doce para dentro deste novo lago, dando origem ao ambiente actual. Armando Pou ao descrever a sua última viagem ao local afirma que ( sic ) « para se compreenderem as origens do Vivíparo de Endler temos que conhecer a história de Cumaná. Cumaná foi a primeira povoação Europeia fortificada no continente Sul-Americano. A fortaleza de Cumaná é constituída por uma consistente muralha de pedra calcária edificada no alto desta cidade costeira. Através dela os conquistadores Espanhóis estariam em posição de defender as duas fontes de riqueza que justificavam a sua presença, o comércio de pérolas e uma vasta mina de sal. Ao fim de anos de exploração, uma tempestade de grandes proporções ou furacão atingiu Cumaná. Chuvas torrenciais provocaram uma enchente que destruiu a entrada da mina inundando-a. Foram feitas várias tentativas para bombear a água da mina mas todas fracassaram e esta foi abandonada. Assim nasceria a Lagoa dos Patos. Numerosos terramotos tiveram lugar nesta região durante os séculos que se seguiram. Alguns destes abalos destruíram a cidade e provocaram desvios no curso do rio Manzanares. Eu especulo se esta actividade sísmica em conjugação com as enchentes e desvios do rio não terão tido um papel na composição da fauna existente nos vários lagos da região. Durante a minha primeira visita a Cumaná eu por lapso confundi a Lagoa Malaguenha com a Lagoa dos Patos. A lagoa Malaguenha é uma lagoa estuarina, enquanto que a Lagoa dos Patos, embora por vezes se apresente salobra ( especialmente durante a época seca atingindo 0.008 à superfície ) é na realidade um lago. Ambos os locais e outros pequenos corpos de água entram em comunicação durante a época das chuvas através de inúmeros canais de drenagem que permitem o escoamento até ao mar. Tanto a Lagoa dos Patos como a Lagoa Malaguenha foram entretanto fragmentadas por estradas e modernas actividades mineiras de extracção de matérias primas do cimento », ( fim de citação ). O Professor Jonh A. Endler acreditava que poderia ainda existir uma outra população na região onde a Península de Pária se une à terra firme. Durante 30 anos nunca haviam sido coroadas de sucesso as buscas efectuadas, até que, surpreendentemente em Julho de 2002 dois cientistas Europeus - Fred. N. Poeser e Michael Kempkes - descobrem nas Lagoa de Campoma, na Lagoa de Buena Vista ( Cariaco ) Península de Pária e na região de Carúpano, Estado de Sucre, Venezuela, várias populações desta espécie. Em todas as novas localizações o tipo ambiente encontrado é extremamente variado em relação aos factores físico-químicos, à dinâmica do movimento da água ( quase sempre sistemas lênticos ) e à sua transparência.
Limite de tolerância : 18ºC e 33ºC Limite de sobrevivência : 16ºC e 40ºC pH ideal : 6.9 - 9.0 dH ideal : 7º - 20º Salinidade máxima : 1,020 ( 27,2 ppm )
As fêmeas são pardas, praticamente iguais às do Guppy selvagem excepto no comprimento e num ligeiro brilho metalizado. Até à recente descoberta das populações selvagens remanescentes em 2002, o quase inexistente conhecimento sobre a biologia e ecologia das populações selvagens, era compensado apenas com base na experiência com animais mantidos em cativeiro. O comportamento descrito para as populações selvagens veio trazer inúmeras revelações, revelando-se um dos pontos que isolaram a espécie Poecilia wingei da Poecilia reticulata. Até aí, apenas sabíamos que os descendentes da população da Lagoa dos Patos preferem aquários bem providos de vegetação e não estão preparados para enfrentarem águas com corrente. Em termos comportamentais trata-se de uma espécie muito pacífica, considerada própria para conviver com qualquer tipo de companheiros de aquário. Os seus variados padrões coloridos originais, graciosidade e tolerância para com os outros habitantes do aquário, tornaram este peixe ideal para os aficcionados, pelo que tem sido muito ambicionado apesar das suas escassas aparições no mercado. Não há registos de incompatibilidade com outras espécies, contudo é melhor criarem-se estes peixes num aquários apenas destinado à sua manutenção pois correm o risco de serem rapidamente eliminado por outras espécies maiores ou mais agressivas. Os animais observados no seu ambiente natural distribuem-se ao longo das margens em grupos compostos por cerca de meia centena de adultos e outros tantos animais imaturos em diferentes fases de desenvolvimento. Existem ainda alguns sub grupos compostos por 6 a 10 fêmeas adultas que defendem um território no qual vão deambulando à medida que se alimentam. Outras que não pertençam a estes grupos e que eventualmente se aproximem são alvo da agressividade e dos ataques dos maiores elementos do bando que as expulsam para longe. Quando as dimensões de duas oponentes são muito idênticas elas ameaçam-se mutuamente não chegando a confrontarem-se. Muito raramente há combates de curta duração, ao fim dos quais os indivíduos recomeçam a sua actividade normal. No artigo científico de descrição da espécie presume-se que este comportamento territorial possa estar relacionado com defesa de áreas de alimentação ou com propósitos de selecção sexual. Nas proximidades destes grupos de fêmeas há ainda uns 2 ou 3 machos que aguardam por uma oportunidade para acasalarem. Nos grupos maiores é evidente a maior competitividade entre os machos, revelando-se maiores esforços de cortejo por parte destes. Foram várias as diferenças de comportamento referidas entre o processo de acasalamento das duas espécies no artigo original, Poeser, Kempkes e Isbrücker ( 2005). A alimentação usual em cativeiro não apresenta problemas. Estes peixes comem quase tudo o que é habitual. Eles toleram muito bem alimentos secos, frescos, congelados e vivos. Algumas receitas domésticas para peixes de aquário também são populares. Uma dieta adequada é muito idêntica às dos outros ovovivíparos mais comuns, com um especial cuidado para uma tendência vegetariana onde não devem ser negligenciados os alimentos à base de spirulina. Para além de alimentos liofilizados em flocos, recomenda-se vivamente artémia salina, larvas de mosquito, vermes de sangue, tubifex, dáfnias, todos estes vivos ou congelados e com o tamanho indicado para as suas bocas minúsculas. Como complemento aceitam bem a carne moída de moluscos ou da maior parte do peixe usado na alimentação humana. O canibalismo de recém nascidos só se torna prática corrente em ambientes desprovidos de abrigos para as crias, mas sobretudo onde existam adultos mal alimentados. Em condições propícias esta espécie torna-se extremamente prolífica. A fêmea Endler terá uma gestação de 23 a 27 dias dependendo da temperatura e da alimentação. Um parto pode dar origem a 4 ou 6 crias nas fêmeas mais jovens até cerca de 20 nas plenamente desenvolvidas. Estes peixes têm uma longevidade de cerca de um ano e meio mas alguns exemplares podem chegar ao dobro.
As fotos do Dr. S.Frank, publicadas na Internet antes da publicação do artigo científico que descreve a espécie Poecilia wingei, comparam e assinalam algumas diferenças entre o gonopódio das duas espécies e respectivos híbridos, as quais vieram a ser confirmadas mais tarde no trabalho de Poeser, Kempkes e Isbrücker. Sendo um argumento usado na distinção das espécies de Cyprinodontiformes vivíparos da família Poeciliidae, aconselhamos vivamente uma visita ao sítio : http://www.diewasserwelt.de/endlersguppy3.htm. Na própria Lagoa dos Patos houve testemunhos da coexistência das populações originais com Poecilia reticulata, a qual apresenta uma distribuição geográfica muito vasta mas que inclui a região em causa. Apesar disso também surgem depoimentos contrários por parte de quem também lá esteve. Alexander e Brenden, referem a propósito a presença exclusiva de populações de Guppy ( Poecilia reticulata ) num raio de 100 quilómetros ao redor da lagoa dos Patos até à Península de Pária. Mais a mais, nem todos os exemplares colhidos das populações existentes em Cumaná eram constituídas por Endler ( Guppy de Cumaná ), apenas os encontrados na parte ocidental satisfaziam essas características. É igualmente extraordinário que este peixe não tenha sido devidamente classificado pela ciência se não desde 1935, pelo menos de 1975 a esta parte. Exames morfológicos e osteológicos tanto ao Guppy como ao Endler não haviam chegado a conclusões seguras e não se conheciam ainda resultados de estudos ao DNA. Algumas outras populações de Poecilia reticulata, dispersas pela sua hipotética distribuição geográfica original apresentarão também características suficientes para as diferenciar como espécies independentes. Alguns especialistas são de opinião que encontram matéria suficiente para pelo menos classificarem o Endler como uma variedade distinta de Poecilia reticulata, Alexander e Brenden, ( 2004 ). Na natureza tanto o Endler como o Guppy de Campoma exibem uma variedade incrível de padrões, apesar do mito enraizado na Internet de que os indivíduos selvagens têm que se parecer com os colectados pelo Professor Endler. Como ele próprio reconheceu, aqueles peixes eram apenas uma pequena amostra. Até agora ainda não foi publicado nenhum estudo credível sobre todas as formas conhecidas, pelo que misturá-las para enriquecer a sua herança genética pode ser de facto a destruição da integridade genética de grupos isolados que podem mesmo formar no seu todo uma nova espécie ou uma espécie embrionária. O Professor Endler mencionou que teve dificuldade em obter cruzamentos com o Guppy e acreditou que a respectiva descendência seria infértil. Muitos são os criadores que não corroboram esta opinião. É provável que peixes colhidos na natureza sejam mais relutantes em cruzarem-se com parentes próximos, contudo populações domésticas criadas em aquário são mais propensas à hibridação. Por esta razão, por favor nunca cruzem os vossos Endler de origem selvagem genuínos com Guppy. Nem sequer os mantenham juntos num mesmo aquário. Já existem muitas provas sobre híbridos férteis entre eles. Mesmo partindo do princípio que são a mesma espécie ao cruzá-los estaremos a contaminar ambas as linhagens conduzindo dessa forma à perda da variabilidade genética que hoje existe.
Uma lixeira próxima contribui com percolados, nutrientes e contaminantes, através das infiltrações subterrâneas. De acordo com a descrição de Armando Pou na sua última expedição, despejos da construção e pneus velhos acumulam-se no local. Afirma a certo ponto que ( sic ) « os dois lagos que agora se situa no nado nascente da auto-estrada António José Sucre estão menos contaminados do que os do lado poente. O maior da zona nascente está inserido numa zona de mineração apresentando uma escassa vegetação nas margens. Adicionalmente foram aí introduzidos Ciclídeos que contribuíram para erradicar a maioria dos Endler » ( fim de citação ). Actualmente, dois anos volvidos, não é difícil crer que a poluição da água e as espécies introduzidas estejam a fazer perigar as populações ainda existentes em Cumaná. Embora ameaçado e a enfrentar uma provável extinção na Lagoa dos Patos para dentro de pouco tempo, como a Poecilia wingei não estava ainda classificado como espécie até Dezembro de 2005, não se encontrava referenciado no Livro Vermelho do I.U.C.N. Com a descoberta de novas populações em aparente boa dinâmica e em zonas relativamente bem preservadas, essa referência deixa de fazer qualquer sentido. Para esclarecimento de dúvidas e mais informações consulte-se Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas da UICN.
http://www.lifesci.ucsb.edu/eemb/faculty/endler/endler_cv.pdf http://www.thekrib.com/Fish/p-endlers.html http://members.cox.net/newcomb1/armando.html http://members.cox.net/newcomb1/endlers.html http://www.endlers-r-us.co.uk/ http://www.webcityof.com/martic09.htm http://www.geocities.com/endlers_livebearer/ http://pascal.g04.free.fr/Scolaquarium/poecilia_endlers.htm http://www.swampriveraquatics.com/
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Imagem de Cumaná captada por satélite mostrando a Lagoa dos Patos. Fonte - Google Earth - http://earth.google.com/.
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Imagem de Cariaco captada por satélite mostrando a Lagoa Campona e Lagoa de Buena Vista. Fonte - Google Earth - http://earth.google.com/.
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