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Characodon lateralis  Günther, 1866


Characodon garmani
  Meek, 1904 ( sinónimo )


Characodon Arco-Íris [ Português ]

Mexalpique Arcoíris [ Español ]

Rainbow Characodon [ English ]

Mezquital Goodeid [ English ]

Distribuição geográfica :

México - Bacia hidrográfica superior do Rio Mezquital ( Vale do Guadiana ), Estado de Durango, em várias nascentes, riachos e lagos.

Uso de imagens :

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I - Morfologia sumária ( caracterizações merísticas )
 


Comprimento total absoluto

Macho adulto : 31.9 a 41.6  mm

Fêmea adulta : 36 a 65.8 mm


Raios da barbatana dorsal : / 9 ( 12 ) geralmente 9-11 ( fêmeas ), 11-12 ( machos )

Raios da barbatana caudal : / 17 ( 21 )

Escamas na linha lateral :  30 ( 34 )

Relação cabeça / comprimento total ( macho ) : 0,28

Relação cabeça / comprimento total ( fêmea ) : 0,21


Estão disponíveis para consulta mais imagens sobre esta espécie na galeria de imagens.


II - Habitat e distribuição geográfica


As localizações geográficas descritas para esta espécie situam-se actualmente apenas no Estado de Durango, México.

Geograficamente o território deste Estado, que ocupa cerca de 6,3% do país ( o quinto maior em área ), situando-se a sua cidade capital entre a Serra Madre Ocidental e a parte Oeste do planalto Mexicano, apenas a escassos 80 quilómetros a Norte do Trópico de Cancer.

Tem como limítrofes o Estado de Chihuahua a Norte, os Estados de Coahuila e Zacatecas a Este, o Estado de Nayarit a Sul e o Estado de Sinaloa a Oeste.

Trata-se de uma região montanhosa, a qual inclui cerca de 160 quilómetros de extensão da Serra Madre Ocidental na direcção Noroeste - Sudeste.

Em termos gerais, o clima caracteriza-se por ser temperado mas extremamente seco, contudo à medida que a altitude aumenta a pluviosidade vai-se acentuando assim como a descida da temperatura, podendo chegar a semi-frio nos pontos das maiores altitudes.

Cientificamente divide-se a região em quatro tipologias de clima; semi-quente sub-húmido nas vertentes do lado do Oceano Pacífico, temperado sub-húmido ou frio chuvoso nas grandes altitudes, semi-seco nos vales e muito seco na região do semi-deserto.

Mais especificamente na região onde estão identificados os locais de onde a espécie é originária, o clima é temperado sub-húmido com temperatura média anual de 16ºC e uma precipitação que ronda entre 500 e 600 milímetros.

Os meses de maior pluviosidade são entre Maio e Outubro, havendo possibilidades de geadas entre Setembro e Abril. No Inverno podem ocorrer temperaturas negativas durante a noite e no Verão as máximas podem ultrapassar os 35ºC.

Em termos hidrológicos o Estado possui algumas bacias hidrográficas que vertem para o Pacífico, do lado oriental da Serra Madre Ocidental, e um número menos importante de bacias hidrográficas que vertem para o Atlântico, no Golfo do México, do lado oposto.

Alguns dos rios desaguam em grandes lagos, nomeadamente no planalto semi-desértico.

O rio Mezquital atravessa o vale do Guadiana, presume-se que no passado fosse um afluente do Rio Bravo del Norte ou Rio Grande do Sul ( fronteira entre o México e os Estados Unidos da América ).

Nesta zona são também bastante abundantes as nascentes térmicas e com características minero-medicinais.

Os primeiros exemplares de Characodon lateralis que chegaram à Europa foram importados por Ivan Dible no início dos anos 1980 através de contactos desenvolvidos com a A.L.A. Estes antepassados da maioria da população existente nos aquários da Europa, eram descendentes de animais criados em cativeiro a partir da população “ Los Berros “.

No seu ambiente natural podemos entretanto encontrar várias populações para além desta, fragmentadas em diversos biótopos diferentes.

Usualmente encontram-se em águas claras de riachos, regatos, ribeiros, nascentes ou lagos alimentados por nascentes ou situados próximos dos rios onde outrora existiram, contudo há umas raras populações em águas de fraca visibilidade e fundos lamacentos, muitas vezes devido a actividades humanas.

Quase todos estes habitats se caracterizam por correntes de água lenta, o que fomenta o aparecimento de vegetação subaquática abundante, em paralelo com uma mais ou menos copiosas comunidades de algas.

As plantas aquáticas assinaladas pelas fontes consultadas como existentes nestes locais são das espécies Ceratophyllum sp, Lemna sp, Potamogeton sp e Nymphaea sp.

A maior parte destes ambientes isolados ou ligados aos cursos de água durante a época das chuvas, não ultrapassam mais do que algumas dezenas ou centenas de metros quadrados em área. Hoje em dia, todos os biótopos, excepto o de Ojo de Agua de San Juan, são lagos alimentados por nascentes ou pequenos e frágeis cursos de água, a maioria dos quais com menos de 30 cm de profundidade e no máximo um metros de largura.

Se tivermos em consideração que para além das alterações de clima a abundância de água e a sua pureza está a diminuir ao ritmo do crescimento demográfico da população humana, as perspectivas de sobrevivência destes últimos refúgios da espécie não são nada animadoras, a não ser em casos muito isolados da civilização.

Em quase todos os últimos refúgios da espécie, número de exemplares avistados nas populações selvagens do Characodon Arco-Íris parecem não ser actualmente muito abundantes e num dos mais restritos, o riacho onde a espécie vive ( o qual não tem mais de 20 cm de profundidade ), apresenta as suas águas por vezes já relativamente poluídas por esgotos domésticos.

Das várias localizações descritas em várias fontes e ao longo do tempo, destacam-se a seguinte lista mais ou menos completa, ( a mais exaustiva que foi possível encontrar ) :


Rio Mezquital nos arredores da Cidade de Durango

Nascente de água de San Juan em Los Berros

Reservatório situado a 25 quilómetros a Este da cidade de Durango

Nascentes termais a 9 quilómetros a Este da cidade de Durango

Rio de La Sauceda a 13 quilómetros a Nordeste da cidade de Durango

Reservatório no Rio Tunal a 31 quilómetros a Este da cidade de Durango

Rio Tunal ( o nome dado ao Rio Mezquital abaixo das cataratas de “ El Salto “ ), a 9 quilómetros a Sudeste da cidade de Durango

Ojo de Água de San Juan, uma nascente próxima de Los Berros

Na base da muralha da barragem Penion del Aguila a 7 quilómetros a Norte de Morcillo

Lagos próximos do Rio Mezquital a 14 quilómetros a Nordeste da cidade de Durango

Nascente de água em Nombre de Díos

Nascente de água próxima de 21 de Novembro a Nordeste da cidade de Durango

Nascente de água a 8 quilómetros a Sudeste de Guadalupe Aguilera 60 quilómetros a Norte da Cidade de Durango, próximo da “ Laguna Seca “ ( um lago sazonal )

Riacho nas cabeceiras do Rio Canatlán, próximo da localidade de Los Pinos a 16 quilómetros a Norte de Canatlan

Cabeceira do Rio Canatlán, acima da barragem de Peñon del Aquila

Nascente de água de San Vicente Chupaderos – a Ocidente de Cerro Gordo a 15 quilómetros a Sul de Aguilera; ( esta nascente é actualmente dada como seca )

Nascente e minúsculo riacho que atravessa a aldeia de Amado Nuevo, eventualmente um afluente do Rio Mezquital. ( provavelmente uma nova espécie distinta )

Nascente em Abraham Gonzalez

El Toboso – pequena nascente El Baño de Las Mujeres que alimenta a Laguna del Toboso ( um lago efémero que só recebe água da nascente durante as maiores pluviosidades e que chegou recentemente a secar completamente em diversos anos ). ( Characodon audax ? )


III - Parâmetros físico-químicas


Temperatura ideal : 18ºC - 24ºC

Limite de tolerância : 13ºC e 29ºC

Limite de sobrevivência : 10ºC e 33ºC

pH ideal : 6 - 8

dH ideal : 9º - 19º

Salinidade máxima : ?


Proposta de manutenção desta espécie relativamente à temperatura :

Regime térmico (1) 

Regime térmico (2)

15ºC

16ºC

16ºC

17ºC

18ºC

20ºC

19ºC

21ºC

21ºC

23ºC

22ºC

24ºC

23ºC

25ºC

24ºC

27ºC

23ºC

25ºC

21ºC

23ºC

19ºC

21ºC

17ºC

19ºC

Cada linha desta tabela corresponde a um mês diferente e as temperaturas reportam-se apenas a valores de referência para a manutenção em cativeiro respeitando, o melhor possível, as exigências térmicas conhecidas para a espécie.

O ideal ( mas impossível de simular na maioria dos aquários domésticos ) era poder proporcionar aos peixes uma certa amplitude térmica diária e semanal, tal como acontece na natureza.


Para melhor se compreender o regime térmico ideal ou simular as condições de origem desta espécie, por favor consultar os gráficos relativos a Guadalajara e San Luis Potosí na página Temperaturas anuais registadas em águas naturais. Por favor tenha contudo em consideração que o ambiente original desta espécie são nascentes vulcânicas de água quente.

 


IV - Biologia e ecologia sumária


Pelas poucas fotografias disponíveis na Internet sobre esta espécie, é possível perceber que há alguma variabilidade em termos de coloração, nomeadamente entre os machos adultos das várias populações, algumas delas geograficamente muito próximas.

A forma fusiliforme é muito invulgar entre as restantes espécies dentro da sub-família Goodeinae, nomeadamente o posicionamento das barbatanas dorsal, caudal e anal, bastante recuadas, sendo a forma mais evidente do parentesco remoto com os Goodeiídeos ovíparos do género Empetrichthys, nomeadamente com a espécie Crenichthys baileyi.

O género Characodon é mesmo considerado por alguns investigadores como sendo o mais primitivo da sub-família Goodeinae.

Em cativeiro, na presença de outras espécies, o Characodon Arco-Íris revela-se um peixe algo tímido, mas num aquário apenas dedicado a esta espécie o comportamento altera-se razoavelmente.

As disputas entre os machos tornam-se acontecimentos mais vulgares e a timidez natural parece dissimular-se na ostentação de uma certa agressividade intra-específica entre membros de ambos os sexos.

De acordo com relatos sobre as populações selvagens, a dominação dos machos faz com que por vezes apenas estes apareçam em águas livres, enquanto todas, ou a maioria das fêmeas, permanecem habitualmente ocultas entre a vegetação, onde a sua coloração lhes proporciona uma camuflagem praticamente perfeita.

Assume-se que ainda assim todo o grupo permaneça nas proximidades de zonas com densa vegetação aquática como forma de se protegerem das potenciais ameaças, já que a maioria das populações evoluiu em biótopos de águas transparentes ou quase.

Uma vez que os antepassados dos Characodon mais representativos nos aquários da Europa viviam em águas puras das nascentes nota-se a sua dependência em relação a renovações semanais de pelo menos 25% da água do aquário, sendo o ideal atingirem-se mesmo valores na ordem dos 35% a 40%, ( tudo dependendo da capacidade do aquário e da eficácia da respectiva filtragem ).

Para se evitarem os conhecidos efeitos secundários mais comuns desta operação, nomeadamente quando efectuada com água da torneira, pode-se eventualmente repetir a operação de 4 em 4 dias, optando nesse caso por reduzir a 20% ou mesmo 25% o respectivo volume de água substituída de cada vez.

Não está cientificamente comprovado, mas muitos dos aficionados que mantêm a espécie acreditam que o facto de não haver consenso sobre a resistência desta espécie às doenças pode estar relacionada com o facto de existirem ou não estas renovações frequentes ( ou trocas parciais de água, como se diz na gíria ).

De facto encontram-se inúmeros relatos contraditórios, uns afirmando que se trata de uma espécie extremamente robusta e resistente muitos dos mais triviais problemas de saúde dos peixes, enquanto outros reclamam precisamente o contrário, evidenciando a sua suposta baixa reacção de defesa às doenças mais vulgares.

A temperatura pode ser eventualmente outro factor preponderante na saúde desta espécie.

Quase todas as fontes disponíveis confirmam terem constatado sensivelmente temperaturas da água entre os 20ºC e os 24ºC, no biótopo original em diferentes épocas do ano.

Sabe-se que, embora tolerem temperaturas elevadas são perfeitamente evidentes os benefícios da manutenção do Characodon Arco-Íris a valores inferiores a 26ºC mesmo na época mais quente do ano, assim como é reconhecida a manifesta necessidade de um período sazonal mais fresco, ( entre 16ºC e os 18ºC de mínima ).

Durante a manutenção a temperaturas menos elevadas, a actividade reprodutiva cessa e nota-se um evidente atraso no ritmo de crescimento nos animais que ainda não atingiram o seu pleno desenvolvimento.

É mesmo comprovada a sua resistência ao arrefecimento ou a descidas bruscas na temperatura da água que outras espécies não tolerariam tão bem, mas ao contrário de outros peixes originários de regiões temperadas, a capacidade de sobreviverem ao frio resume-se a curtos períodos de tempo.

Apesar de se fazerem sentir temperaturas do ar negativas em determinados dias de Inverno e nos locais onde se encontra a espécie serem evidentes características que levariam a admitir uma forte paridade com as temperaturas do ar, o que é facto é que, de acordo com a fontes disponíveis, a temperatura raramente deve descer abaixo dos 15ºC. Isto pode-se explicar, particularmente em locais de baixa profundidade, pelo facto das referidas águas sofrerem influências da actividade vulcânica da região e por de serem geralmente águas correntes de nascente, levando por essa razão mais tempo a sofrerem a influência directa das temperaturas do ar.

É ainda necessário termos em consideração que esta espécie se encontra com assiduidade em nascentes térmicas que contribuem para atenuar os efeitos dos eventuais arrefecimentos nocturnos durante os rigores do Inverno.

Isto explica porque é que, pelo menos em teoria, o Characodon lateralis não poderia sobreviver no clima do Sul de Portugal durante o Inverno, nomeadamente em regiões com a mesma temperatura média anual da sua região de origem ou com o mesmo tipo de clima, ( excepto o facto de a maior parte das chuvas terem entre Outubro e Maio ).

Relatos recolhidos sobre comportamentos das populações selvagens sugerem uma dieta alimentar consideravelmente composta por algas, mas a dentição destes peixes podem indicar uma dieta mais omnívora incluindo eventual consumo de determinadas espécies de insectos aquáticos e de outros invertebrados. Todavia os seus intestinos relativamente longos denotam talvez mais predomínio no consumo de matéria vegetal do que de matéria animal.

Em cativeiro de facto nota-se uma certa tendência vegetariana que se vai modificando com a idade. É de toda a conveniência que por essa razão, não sejam esquecidos os suplementos alimentares como o espinafre e as ervilhas ( descascadas ) depois de ligeiramente cozidos ou uma das habituais alternativas como os alimentos industriais destinados às espécies vegetarianas.

As alternativas compostas por presas vivas ( ou congeladas ), além de essenciais também são extremamente apreciadas.

Para além de alguma relutância a certos tipos de alimento industrializado em flocos, em cativeiro o Characodon Arco-Íris adapta-se perfeitamente às propostas alimentares gerais feitas na secção de aquariofilia aceitando, para além de um variado menu de opções vegetais, artémia salina, larvas de mosquito ou invertebrados aquáticos e outros alimentos naturais ou congelados, peixe ou moluscos crus e moídos assim como alimentos industrializados, ( nomeadamente contendo um componente vegetal à base de spirulina ou outro ).

Embora aceitem muito bem a carne moída de gado doméstico e caça, alguns exemplares são relativamente propensos a alguns problemas de digestão e enfermidades no aparelho digestivo, causados pela ingestão da carne de animais não aquáticos.

Se a sua dieta alimentar cumprir os parâmetros mínimos de qualidade e quantidade, os recém nascidos não são molestados nem perseguidos pelos adultos.

Há contudo relatos de criadores que afirmam que nos seus aquários acontece precisamente o contrário. Tal pode ter explicação nas origens daquela população em particular ou em carências não suspeitadas.

Apenas nesses casos, ou quando as preocupações demográficas com a manutenção desta espécies são excepcionais, é aconselhável separar as parturientes para um aquário muito bem plantado com 15 a 20 litros de capacidade no mínimo.

Para além de uma dieta esmerada as fêmeas grávidas devem possuir nesse aquário, que servirá de maternidade, água da melhor qualidade, procurando-se respeitar os parâmetros físico-químicos adequados à espécie com mais dedicação do que no local onde o restante grupo é mantido.

As mães recentes que tenham tendências canibais devem ser retiradas logo após o parto e podem eventualmente passar mais uma semana ou duas num outro aquário de recuperação, acompanhadas apenas e só por outras fêmeas da sua espécie ou eventuais jovens e crias maiores, antes de serem devolvidas à sua comunidade de origem.

Quanto às crias nascidas nos aquários maternidade anteriormente descritos, estas devem ser introduzidas no local onde se encontram os restantes elementos da espécie antes da maturidade sexual, evitando-se dessa forma indesejáveis acasalamentos entre irmãos.

A maturidade sexual é atingida por volta dos 4 meses de idade em condições normais, embora as fêmeas entrem em gestação mais tardiamente do que o início da vida sexual activa dos machos da mesma ninhada.

Ao contrário dos Poeciliíneos, as fêmeas dos Goodeiíneos não têm a capacidade de preservar o esperma, pelo que após cada parto as fêmeas têm que ser fertilizadas de novo.

O número médio de crias por parto ronda entre as 9 e as 12, podendo ficar-se por apenas 2 ou 3 na primeira gestação e ultrapassar as 30 em fêmeas extraordinariamente grandes mantidas sob condições muito favoráveis. As crias nascem relativamente grandes em relação ao tamanho da progenitora ( entre 7 e 10 mm ).

A gestação dura habitualmente entre 55 e 65 dias, dependendo da temperatura, da qualidade da água, do alimento disponível e até de outros factores menos conhecidos.

Em condições desfavoráveis, a gravidez pode ser mantida durante vários meses.

Há igualmente relatos de alguns criadores que afirmam que as fêmeas idosas desta espécie deixam de reproduzir, embora continuem a desenvolver-se a levarem uma vida aparentemente normal.

Os recém nascidos não são difíceis de alimentar pois, como se viu, nascem relativamente grandes e muito independentes.

Por vezes o seu rudimentar cordão umbilical, ( tropoténia ), pode levar quase uma semana a ser absorvido, no entanto a sua independência é logo evidente à nascença. Em presença de algas os recém nascidos começam a alimentarem-se poucas horas após o parto.

Independentemente da maior ou menor abundância de algas próprias à sua dieta convém ministrar-lhes náuplios de artémia salina e dáfnias de dimensões convenientes, para além de eventuais suplementos alimentares industriais próprios para crias.


V - Notas complementares


Segundo alguns estudos científicos, há seguramente três espécies classificadas no género Characodon, uma das quais considerada extinta.

Para além destas três espécies, levantam-se actualmente dúvidas sobre duas populações ( “ Abraham Gonzalez “ e “ Amado Nervo “ ).

As espécies Characodon lateralis e Characodon audax são morfologicamente muito similares. Para além do colorido e mesmo da forma do corpo há inúmeras diferenças fáceis de identificar positivamente, até numa observação superficial e menos criteriosa.

Apenas a título de exemplo ilustrativo, e não considerando outras distinções mais óbvias, podemos observar que os machos destas espécie podem evidenciar-se facilmente pela posição do ânus em relação às barbatanas pélvicas. De facto, no Characodon lateralis o orifício anal situa-se ainda numa parte do ventre abrangida pelas barbatanas pélvicas recolhidas, ( em todas as populações excepto na “ Nombre de Dios “ ), enquanto que nos machos Characodn audax o mesmo está situado fora da zona coberta pelas barbatanas pélvicas em repouso.

Já em relação à espécie extinta, ( Characodon garmani  ), apenas descrita com base num único exemplar fêmea preservado desde 1895, não se pode aferir este pormenor em particular.

Análises genéticas comprovam de facto a diferenciação entre as duas espécies actuais, mas o seu grau de especificação permite ainda a concepção de híbridos férteis.

Pela facilidade dessa ocorrência aconselha-se vivamente a nunca se misturarem exemplares de ambas as espécies no mesmo aquário.

De acordo com informações recolhidas no sítio “ Godeiden “ ( versão em Inglês ) - http://www.goodeiden.de/html/lateralis3.html,  o Dr. Dietmar Kunath, obteve muito facilmente híbridos destes Characodon 1990, embora de uma forma não premeditada.

Tal como é referido no relato do respectivo autor deste acontecimento, há que fazer a distinção entre cruzamentos forçados e induzidos por acção humana dos casos acidentais ou por negligência.

Os sucessos mais aceitáveis obtidos com este tipo de cruzamentos são, designadamente, os seus resultados permitirem-nos de uma forma empírica obtermos uma ferramenta para apurarmos certas suspeitas sobre relações taxionómicas entre as espécies, contudo é uma prática totalmente desaconselhada dadas as implicações que a mesma tem para a biodiversidade.

O problema põe-se ainda com mais pertinência em face das duas espécies em questão, uma vez que ambas correm sérios riscos de desaparecimento.

Dada a sua situação actual na natureza, estes peixes merecem o nosso melhor empenho para sua manutenção em cativeiro, ainda mais porque é pouco provável que venha a ser um dia um peixe produzido em larga escala para ser comercializado nas lojas.

Embora se encontrem referências à sua conservação em aquários relativamente pequenos, o sucesso da sustentabilidade de uma população passa por manter um tão grande número de indivíduos quanto possível.

Alguma prática na manutenção desta espécies demonstra de facto a necessidade de dispor de algum espaço, ainda que sejam peixes de pequeno porte.

Os seus comportamentos sociais justificam aquários de mais 100 litros, ainda que não estejamos a falar das mesmas consequências inerentes à conservação de Ciclídeos territoriais agressivos. Os machos dominantes não matam os seus oponentes em resultado de combates por territórios ou por fêmeas mas, os indivíduos mais fracos acabam por morrer de fome por não lhes ser permitido chegarem com frequência ao alimento.

Enquanto a melhor opção será ( pelo menos de início ) um aquário só para esta espécie, há no entanto um grupo variado de outros Goodeiídeos, Poecilídeos e mesmo Caracídeos e Ciprinídeos que são compatíveis com as suas exigências físico-químicas e podem constituir excelentes companheiros de comunidade. As espécies mais comuns de Corydoras também são úteis companheiros de aquário.

Na natureza há relatos de convivência com algumas espécies que talvez nunca aparecerão no comércio, das quais se destacam Astyanax mexicanus, Catostomus plebeius, Codoma ornate, Cyprinodon meeki, Chirostoma mezquital, Dionda episcopa, Etheostoma pottsi, Gila conspersa, Ictalurus barbouri e Notropis aulidion. Ainda que alguma ou algumas destas espécies possam ter uma relação predatória ou de competição com adultos ou crias do Characodon Arco-Íris, dá-nos pelo manos uma ideia aproximada do tipo de fauna que se encontrava nos biótopos da sua origem antes da introdução de exóticos.


VI - Ameaças, medidas de protecção e situação actual


As populações selvagens das espécies do género Characodon têm vindo a sofrer dramáticos retrocessos desde que foram descobertas pela ciência.

Uma das principais causas será sem dúvida pelo facto de geralmente estarem confinadas a habitats aquáticos muito reduzidos implantados numa região semi-árida, a qual está a ser submetida à pressão da agricultura e do crescimento demográfico acentuado das populações humanas residentes.

Devido ao mesmo tipo de pressões uma das espécies deste género já desapareceu. O Characodon garmani era apenas uma de várias que faziam parte de uma fauna relíquia existente em locais restritos do vale de Parras. Algures entre 1900 e 1953 extinguiram-se. Juntamente com este Goodeiídeo perderam-se outras espécies igualmente raras como o Stypodon signifer ou o Cyprinodon latifasciatus.

A meio do século XX várias nascentes tinham deixado de existir contribuindo para o desaparecimento ou declínio desses peixes. Num outro determinado ponto a água restante tinha sido represada num único reservatório dedicado à cultura da Carpa ( Cyprinus carpio ) e posteriormente encaminhada através de canais para a irrigação de um campo de algodão.

Presentemente os cursos de água do Vale de Parras estão dominados por espécies introduzidas. Apenas uma ou duas das espécies originais, muitas das quais endémicas, ainda persistem em habitates isolados.

Nos rios principais próximos da Cidade de Durango, como o Tunal, esgotos domésticos e industriais foram a causa da poluição da água que exterminou as espécies endémicas existentes.

Há locais tão marcantes como a queda de água El Salto, onde as águas negras e quase desprovidas de vida testemunham a influência da celulose local no meio ambiente.

A dimensão das populações de Characodon lateralis e a sua distribuição geográfica, decaiu seriamente nos últimos 40 anos.

Ainda há registos da sua presença na bacia hidrográfica do Rio Tunal, de onde desapareceu totalmente antes de 1975.

Esta situação pode ser sido intimamente relacionada com introdução de espécies exóticas, ( Cyprinus carpio, Carassius auratus, Lepomis marcrochirus e Micropterus salmoides ), ocorrida em meados de 1968.

As causas mais importantes para o declínio dos Characodons e seu confinamento a áreas muito remotas passam pela destruição e alteração do meio ambiente através da desflorestação, de contaminação dos ecossistemas com águas residuais domésticas e industriais, de captações de água acima da capacidade de reposição pela precipitação ou do maus uso da água dado por certas actividades humanas como a agricultura.

Sem dúvida um dos mais importantes, senão mesmo o principal impacto  no retrocesso destes peixes na natureza será a introdução de espécies exóticas.

A mais comuns segundo as fontes consultadas são : Carassius auratus, Chirostoma spp, Cyprinus carpio, Gambusia senilis, Goodea atripinnis, Lepomis macrochirus, Micropterus salmoides, Oreochromis aureus  e Oreochromis mossambicus.

Esta espécie encontra-se classificada em perigo no Livro Vermelho do I.U.C.N.


nota sobre o Género Characodon : das 3 espécies classificadas neste género, 1 está classificada como extinta ( Characodon garmani ), 1 ( Characodon lateralis ) está classificada como em perigo e 1 ( Characodon audax ) está considerada como vulnerável.

Para esclarecimento de dúvidas e mais informações consulte-se Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas da UICN.


Outros tópicos sobre esta espécies para consulta :


Ligações aconselhadas :


Mongabay.com

http://fish.mongabay.net/C/Characodon_lateralis.shtml


Comisión nacional para el concocimiento y uso de la biodiversidad ( CONABIO )

http://www.conabio.gob.mx/



Agradece-se profundamente aos nossos leitores que possuam dados e informações complementares ou que encontrem neste documento eventuais correcções, o favor de nos contactarem nesse sentido.



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