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I
- Morfologia sumária ( caracterizações merísticas )
Comprimento
total absoluto
Macho
adulto :
32.0 a 49.8 mm
Fêmea
adulta :
36 a 65.6 mm
Raios da barbatana dorsal : /
9 ( 12 ) geralmente
9-11 ( fêmeas ), 11-12 ( machos )
Raios
da barbatana caudal : /
17 ( 21 )
Escamas
na linha lateral : 30 ( 34 )
Relação
cabeça / comprimento total ( macho ) : 0,28
Relação
cabeça / comprimento total ( fêmea ) : 0,21
Estão disponíveis para consulta mais imagens
sobre esta espécie na galeria de imagens.
II - Habitat e distribuição geográfica
A única localizações geográfica descritas para
esta espécie situa-se no Estado de Durango, México.
O território deste Estado ocupa cerca de 6,3% do país ( o quinto maior em
área ), situando-se a sua cidade capital entre a Serra Madre Ocidental e a
parte Oeste do planalto Mexicano, apenas a escassos 80 quilómetros a Norte
do Trópico de Cancer.
Durango tem como limítrofes o Estado de Chihuahua a Norte, os Estados de
Coahuila e Zacatecas a Este, o Estado de Nayarit a Sul e o Estado de Sinaloa
a Oeste.
Trata-se de uma região montanhosa, a qual inclui cerca de 160 quilómetros de
extensão da Serra Madre Ocidental na direcção Noroeste - Sudeste.
Em termos gerais, o clima caracteriza-se por ser temperado mas extremamente
seco, contudo à medida que a altitude aumenta a pluviosidade vai-se
acentuando assim como a descida da temperatura, podendo chegar a semi-frio
nos pontos das maiores altitudes.
Cientificamente divide-se a região em quatro tipologias de clima;
semi-quente sub-húmido nas vertentes do lado do Oceano Pacífico, temperado
sub-húmido ou frio chuvoso nas grandes altitudes, semi-seco nos vales e
muito seco na região do semi-deserto.
Mais especificamente na região onde estão identificados os locais de onde a
espécie é originária, o clima é temperado sub-húmido com temperatura média
anual de 16ºC e uma precipitação que ronda entre 500 e 600 milímetros.
Os meses de maior pluviosidade são entre Maio e Outubro, havendo
possibilidades de geadas entre Setembro e Abril. No Inverno podem ocorrer
temperaturas negativas durante a noite e no Verão as máximas podem
ultrapassar os 35ºC.
Em termos hidrológicos o Estado possui algumas bacias hidrográficas que
vertem para o Pacífico, do lado oriental da Serra Madre Ocidental, e um
número menos importante de bacias hidrográficas que vertem para o Atlântico,
no Golfo do México, do lado oposto.
Alguns dos rios desaguam em grandes lagos, nomeadamente no planalto
semi-desértico.
Neste Estado são também bastante abundantes as nascentes térmicas e com
características minero-medicinais.
A única localização geográfica conhecida actualmente para esta espécie
situa-se nas proximidades da vila de El Toboso e inclui somente a pequena
nascente “ El Baño de Las Mujeres “ que alimenta a “ Laguna del Toboso “ (
um lago efémero que só recebe água da nascente durante as maiores
pluviosidades e que chegou recentemente a secar em diversos anos ).
A distância entre a “ Laguna del Toboso “ e a bacia hidrográfica do Rio
Mezquital, onde existe a espécie Characodon lateralis é de apenas uns
50 metros ( Rio La Sauceda ).
Há autores que defendem a existência de uma segunda localização, mantida no
entanto em segredo ( será El Tobosito ? ).
No artigo “ Mexican Goodeid Fishes of the Genus Characodon, with Description
of a New Species “ as coordenadas geográficas da localidade tipo aparecem
como “ 24°16'35" N lat., 104°34'50" W long. “, contudo em observações
através da aplicação Google Earth nestas coordenadas não se encontra nenhum
corpo de água.
Há contudo duas possíveis localizações próximas, 24º16’52.49” N /
104º34’50.05” W e 24º16’33.54” N / 104º34’56.99” W que podem ser a “ Laguna
del Toboso “. Pelas características expostas em várias fontes, talvez a
segunda hipótese seja a mais correcta, no entanto a primeira é mais isolada.
Eventualmente não se trata de nenhum dos corpos de água assinalados, uma vez
que a localidade de Toboso aparece apenas identificada com uma outra
povoação situada a 80 quilómetros de distância perto do Lago Chapala. Talvez
algum dos nosso visitantes desta região do México possa um dia ajudar a
desvendar este mistério, se achar conveniente.
Pelas descrições, a “ Laguna del Toboso “ é na realidade um pequeno lago
cuja respectiva área é de aproximadamente 1.200 m² de superfície, sendo
caracterizado igualmente pela sua pouca profundidade.
Na nascente o fundo é geralmente lamacento, mas apresenta várias zonas de
areia. A profundidade ronda apenas 20 centímetros.
Este oásis aquático está implantado numa zona semidesértica, pelo que existe
naturalmente uma regular extracção de água para consumo das populações
locais.
O príncipe negro parece ser, segundo os relatos obtidos, a única espécie
piscícola existente, embora se tenham identificado insectos aquáticos e uma
espécie de cágado ( Chelidra serpentine ) nesse mesmo habitat.
Usualmente as águas deste lago são claras e a temperatura da nascente é
invariavelmente de 19ºC todo o ano.
Como não há praticamente corrente, assiste-se ao aparecimento de vegetação
subaquática abundante, em paralelo com uma mais ou menos copiosas
comunidades de algas.
As plantas aquáticas assinaladas pelas fontes consultadas como existentes
nestes locais são das espécies Ceratophyllum sp, Potamogeton
sp. e Lemna sp.
Se tivermos em consideração que para além das alterações de clima a
abundância de água e a sua pureza está a diminuir ao ritmo do crescimento
demográfico da população humana, as perspectivas de sobrevivência destes
últimos refúgios da espécie não são nada animadoras, a não ser em casos
muito isolados da civilização.
III - Parâmetros físico-químicas
Temperatura ideal :
19ºC
Limite
de tolerância :
12ºC e 27ºC
Limite
de sobrevivência :
10ºC e 29ºC
pH
ideal : 6.9 - 8
dH
ideal : 9º - 19º
Salinidade
máxima : ?
Proposta de manutenção desta espécie relativamente à temperatura :
Regime
térmico (1) |
Regime
térmico (2) |
15ºC |
18ºC |
17ºC |
19ºC |
18ºC |
19ºC |
19ºC |
19ºC |
22ºC |
20ºC |
23ºC |
20ºC |
24ºC |
21ºC |
23ºC |
20ºC
|
22ºC |
20ºC |
20ºC |
19ºC |
19ºC |
19ºC |
17ºC |
19ºC |
|
Cada
linha desta tabela corresponde a um mês diferente e as temperaturas
reportam-se apenas a valores de referência para a manutenção em
cativeiro respeitando, o melhor possível, as exigências térmicas
conhecidas para a espécie.
O
ideal ( mas impossível de simular na maioria dos aquários domésticos
) era poder proporcionar aos peixes uma certa amplitude térmica diária
e semanal, tal como acontece na natureza.
Para
melhor se compreender o regime térmico ideal ou simular as condições
de origem desta espécie, por favor consultar os gráficos relativos a
Guadalajara e San Luis Potosí na página
Temperaturas anuais registadas em águas naturais.
Por favor tenha contudo em consideração que o ambiente original
desta espécie são nascentes vulcânicas de água quente.
|
IV - Biologia e ecologia sumária
A forma fusiliforme é muito invulgar entre as
restantes espécies da sub-família Goodeinae, nomeadamente o posicionamento
das barbatanas dorsal, caudal e anal, bastante recuadas, sendo a forma mais
evidente do parentesco remoto com os Goodeiídeos ovíparos do género
Empetrichthys e Crenichthys, nomeadamente com a espécie Crenichthys baileyi.
O género Characodon é mesmo considerado por alguns investigadores como sendo
o mais primitivo da sub-família Goodeinae.
Em cativeiro, na presença de outras espécies, o Príncipe Negro revela-se um
peixe algo reservado, mas num aquário apenas dedicado a esta espécie o
comportamento altera-se razoavelmente.
As disputas entre os machos tornam-se acontecimentos comuns e a timidez
natural parece dissimular-se na ostentação de uma certa agressividade
intra-específica entre membros de ambos os sexos.
Dado que esta espécie provém de águas puras das nascentes, embora alguns
autores defendam o contrário, de acordo com a minha experiência pessoal
posso testemunhar os melhores resultados com renovações diárias de pelo
menos 10% da água do aquário, ( tudo dependendo da capacidade do aquário e
da eficácia da respectiva filtragem ).
Para se evitarem os conhecidos efeitos secundários mais comuns desta
operação, nomeadamente quando efectuada com água da torneira, deve-se
proceder a esta operação apenas com água livre de coloro.
Não está cientificamente comprovado, mas muitos dos aficionados que mantêm a
espécie acreditam que o facto de não haver consenso sobre a resistência
desta espécie às doenças pode estar relacionada com o facto de existirem ou
não estas renovações frequentes ( ou trocas parciais de água, como se diz na
gíria ).
De facto encontram-se inúmeros relatos contraditórios, uns afirmando que se
trata de uma espécie extremamente robusta e resistente muitos dos mais
triviais problemas de saúde dos peixes, enquanto outros reclamam
precisamente o contrário, evidenciando a sua suposta baixa reacção de defesa
às doenças mais vulgares.
A temperatura pode ser eventualmente outro factor preponderante na saúde
desta espécie.
Embora provenha de uma nascente em que a temperatura da água seja
sensivelmente 19ºC todo o ano, ao manter esta espécie entre os 17ºC e os
23ºC não parece trazer qualquer tipo de consequência nefasta.
Sabe-se que, embora tolerem temperaturas elevadas são perfeitamente
evidentes os benefícios da manutenção do Characodon audax em valores
inferiores a 26ºC mesmo na época mais quente do ano, assim como é
reconhecida a manifesta necessidade de um período sazonal mais fresco, (
entre 16ºC e os 18ºC de mínima ).
Durante a manutenção a temperaturas menos elevadas, a actividade reprodutiva
cessa e nota-se um evidente atraso no ritmo de crescimento nos animais que
ainda não atingiram o seu pleno desenvolvimento.
Ao contrário do seu parente, Characodon lateralis, a resistência ao
arrefecimento ou a descidas bruscas na temperatura da água que outras
espécies não é tão assinalável. Ao contrário de outros peixes originários de
regiões temperadas, a capacidade de sobreviverem ao frio resume-se a curtos
períodos de tempo.
Apesar de se fazerem sentir temperaturas do ar ligeiramente negativas em
determinados dias de Inverno nos locais onde se encontra a espécie em estado
natural, sendo mesmo evidentes características que levariam a admitir uma
forte paridade entre as temperaturas do ar e da água, o que é facto é que,
de acordo com a fontes disponíveis, a temperatura raramente deve descer
abaixo dos 16ºC. Isto pode-se explicar, particularmente em locais de baixa
profundidade, pelo facto das referidas águas sofrerem influências da
actividade vulcânica da região e por de serem geralmente águas correntes de
nascente, levando por essa razão mais tempo a sofrerem a influência directa
das descidas verificadas na temperaturas do ar.
Isto explica porque é que, pelo menos em teoria, o Characodon audax
não poderia sobreviver no clima do Sul de Portugal durante o Inverno,
nomeadamente em regiões com a mesma temperatura média anual da sua região de
origem.
Relatos recolhidos sobre comportamentos das populações selvagens sugerem uma
dieta alimentar consideravelmente composta por algas, mas a dentição destes
peixes podem indicar uma dieta mais omnívora incluindo eventual consumo de
determinadas espécies de insectos aquáticos e de outros invertebrados.
Todavia os seus intestinos relativamente longos denotam talvez mais
predomínio no consumo de matéria vegetal do que de matéria animal.
Em cativeiro de facto nota-se uma certa tendência vegetariana que se vai
modificando com a idade. É de toda a conveniência que por essa razão, não
sejam esquecidos os suplementos alimentares como o espinafre e as ervilhas (
descascadas ) depois de ligeiramente cozidos ou uma das habituais
alternativas como os alimentos industriais destinados às espécies
vegetarianas.
As alternativas compostas por presas vivas ( ou congeladas ), além de
essenciais também são extremamente apreciadas.
Para além de alguma relutância inicial a certos tipos de alimento
industrializado, em cativeiro o Príncipe Negro adapta-se perfeitamente às
propostas gerais feitas na secção de aquariofilia aceitando, para além de um
variado menu de opções vegetais, artémia salina, larvas de mosquito ou
invertebrados aquáticos e outros alimentos naturais ou congelados, peixe ou
moluscos crus e moídos assim como alimentos industrializados, ( nomeadamente
contendo um componente vegetal à base de spirulina ou outro ).
Embora aceitem muito bem a carne moída de gado doméstico e caça, a mesma
deve ser evitada a todo o custo, pois alguns exemplares são relativamente
propensos a problemas de digestão e enfermidades no aparelho digestivo,
causados pela ingestão da carne de animais não aquáticos.
Se a sua dieta alimentar cumprir os parâmetros mínimos de qualidade e
quantidade, os recém nascidos não são molestados nem perseguidos pelos
adultos.
Há contudo relatos de criadores que afirmam que nos seus aquários acontece
precisamente o contrário. Tal pode ter explicação nas origens em carências
não suspeitadas.
Apenas nesses casos, ou quando as preocupações demográficas com a manutenção
desta espécies são excepcionais, é aconselhável separar as parturientes para
um aquário muito bem plantado com 15 a 20 litros de capacidade no mínimo.
Para além de uma dieta esmerada as fêmeas grávidas devem possuir nesse
aquário, que servirá de maternidade, água da melhor qualidade, procurando-se
respeitar os parâmetros físico-químicos adequados à espécie com mais
dedicação do que no local onde o restante grupo é mantido.
As mães recentes podem eventualmente passar mais uma semana ou duas num
outro aquário de recuperação, acompanhadas apenas e só por outras fêmeas da
sua própria espécie ou eventuais jovens e crias maiores, antes de serem
devolvidas à sua comunidade de origem.
Quanto às crias nascidas nos aquários maternidade anteriormente descritos,
estas devem ser introduzidas no local onde se encontram os restantes
elementos da espécie antes da maturidade sexual, evitando-se dessa forma
indesejáveis acasalamentos entre irmãos.
A maturidade sexual é atingida por volta dos 4 meses de idade em condições
normais, embora as fêmeas entrem em gestação mais tardiamente do que o
início da vida sexual activa dos machos da mesma ninhada.
Ao contrário dos Poeciliíneos, as fêmeas dos Goodeiíneos não têm a
capacidade de preservar o esperma, pelo que após cada parto as fêmeas têm
que ser fertilizadas de novo.
O número médio de crias por parto ronda entre as 8 e as 20, podendo ficar-se
por apenas 2 ou 3 na primeira gestação e ultrapassar as 40 em fêmeas
extraordinariamente grandes mantidas sob condições muito favoráveis. Ivan
Dibble deu a conhecer um parto de 63 crias nascidas de uma fêmeas
excepcionalmente avantajada.
As crias nascem relativamente grandes em relação ao tamanho da progenitora (
entre 7 e 10 mm ).
A gestação dura habitualmente entre 55 e 65 dias, dependendo da temperatura,
da qualidade da água, do alimento disponível e até de outros factores menos
conhecidos.
Em condições desfavoráveis, a gravidez pode ser mantida durante vários
meses.
Há igualmente relatos de alguns criadores que afirmam que as fêmeas idosas
desta espécie deixam de reproduzir, embora continuem a desenvolver-se a
levarem uma vida aparentemente normal.
Os recém nascidos não são difíceis de alimentar pois, como se viu, nascem
relativamente grandes e muito independentes.
Por vezes o seu rudimentar cordão umbilical, ( tropoténia ), pode levar
quase uma semana a ser absorvido, no entanto a sua independência é logo
evidente à nascença. Em presença de algas os recém nascidos começam a
alimentarem-se poucas horas após o parto.
Independentemente da maior ou menor abundância de algas próprias à sua dieta
convém ministrar-lhes náuplios de artémia salina e dáfnias de dimensões
convenientes, para além de eventuais suplementos alimentares industriais
próprios para crias.
V - Notas complementares
Segundo a ficha dedicada ao Príncipe Negro no
sítio “ Godeiden ” (
http://www.goodeiden.de/html/audax3.html ), todos os exemplares desta
espécie mantidos na Europa são descendentes de apenas dois casais da
colecção do Prof. Robert Rush Miller, trazidos por Ivan Dibble dos Estados
Unidos da América.
Há seguramente três espécies classificadas no género Characodon, uma das
quais considerada extinta.
Para além destas três espécies, levantam-se actualmente dúvidas sobre duas
populações ( “ Abraham Gonzalez “ e “ Amado Nervo “ ).
As espécies Characodon lateralis e Characodon audax são
morfologicamente muito similares. Para além do colorido e mesmo da forma do
corpo há inúmeras diferenças fáceis de identificar positivamente, sobretudo
nos machos de ambas as espécies, até numa observação superficial e menos
criteriosa.
Apenas a título de exemplo ilustrativo, e não considerando outras distinções
mais óbvias, podemos observar que os machos destas espécie podem
evidenciar-se facilmente pela posição do ânus em relação às barbatanas
pélvicas. De facto, no Characodon lateralis o orifício anal situa-se
ainda numa parte do ventre abrangida pelas barbatanas pélvicas recolhidas, (
em todas as populações excepto na “ Nombre de Dios “ ), enquanto que nos
machos Characodn audax o mesmo está situado fora da zona coberta
pelas barbatanas pélvicas em repouso.
Já em relação à espécie extinta, ( Characodon garmani ), apenas
descrita com base num único exemplar fêmea preservado desde 1895, não se
pode aferir este pormenor em particular.
Análises genéticas comprovam de facto a diferenciação entre as duas espécies
actuais, mas o seu grau de especificação permite ainda a concepção de
híbridos férteis.
Pela facilidade dessa ocorrência aconselha-se vivamente a nunca se
misturarem exemplares de ambas as espécies no mesmo aquário.
De acordo com informações recolhidas no sítio “ Godeiden “ ( versão em
Inglês ) -
http://www.goodeiden.de/html/lateralis3.html, o Dr. Dietmar Kunath,
obteve muito facilmente híbridos destes Characodon 1990, embora de uma forma
não premeditada.
Tal como é referido no relato do respectivo autor deste acontecimento, há
que fazer a distinção entre cruzamentos forçados e induzidos por acção
humana dos casos acidentais ou por negligência.
Os sucessos mais aceitáveis obtidos com este tipo de cruzamentos são,
designadamente, os seus resultados permitirem-nos de uma forma empírica
obtermos uma ferramenta para apurarmos certas suspeitas sobre relações
taxionómicas entre as espécies, contudo é uma prática totalmente
desaconselhada dadas as implicações que a mesma tem para a biodiversidade.
O problema põe-se ainda com mais pertinência em face das duas espécies em
questão, uma vez que ambas correm sérios riscos de desaparecimento.
Dada a sua situação actual na natureza, estes peixes merecem o nosso melhor
empenho para sua manutenção em cativeiro, ainda mais porque é pouco provável
que venha a ser um dia um peixe produzido em larga escala para ser
comercializado nas lojas.
Embora se encontrem referências à sua conservação em aquários relativamente
pequenos, o sucesso da sustentabilidade de uma população passa por manter um
tão grande número de indivíduos quanto possível.
Alguma prática na manutenção desta espécies demonstra de facto a necessidade
de dispor de algum espaço, ainda que sejam peixes de pequeno porte.
Os seus comportamentos sociais justificam aquários de mais 100 litros, ainda
que não estejamos a falar das mesmas consequências inerentes à conservação
de Ciclídeos territoriais agressivos. Os machos dominantes não matam os seus
oponentes em resultado de combates por territórios ou por fêmeas mas, os
indivíduos mais fracos acabam por morrer de fome por não lhes ser permitido
chegarem com frequência ao alimento.
Enquanto a melhor opção será ( pelo menos de início ) um aquário só para
esta espécie, há no entanto um grupo variado de outros Goodeiídeos,
Poecilídeos e mesmo Caracídeos e Ciprinídeos que são compatíveis com as suas
exigências físico-químicas, os quais podem constituir excelentes
companheiros de comunidade. As espécies mais comuns de Corydoras também são
úteis parceiros de aquário, embora provenham de regiões do mundo muito
distintas.
VI - Ameaças, medidas de protecção e
situação actual
As populações selvagens
das espécies do género Characodon têm vindo a sofrer dramáticos
retrocessos desde que foram descobertas pela ciência.
Uma das principais
causas será sem dúvida pelo facto de geralmente estarem confinadas a
habitats aquáticos muito reduzidos implantados numa região semi-árida, a
qual está a ser submetida à pressão da agricultura e do crescimento
demográfico acentuado das populações humanas residentes.
Devido ao mesmo
tipo de pressões uma das espécies deste género já desapareceu. O
Characodon garmani era apenas uma de várias que faziam parte de uma
fauna relíquia existente em locais restritos do vale de Parras. Algures
entre 1900 e 1953 extinguiram-se. Juntamente com este Goodeiídeo
perderam-se outras espécies igualmente raras como o Stypodon signifer
ou o Cyprinodon latifasciatus.
A meio do século XX
várias nascentes tinham deixado de existir contribuindo para o
desaparecimento ou declínio desses peixes. Num outro determinado ponto a
água restante tinha sido represada num único reservatório dedicado à
cultura da Carpa ( Cyprinus carpio ) e posteriormente encaminhada
através de canais para a irrigação de um campo de algodão.
Presentemente os
cursos de água do Vale de Parras estão dominados por espécies
introduzidas. Apenas uma ou duas das espécies originais, muitas das
quais endémicas, ainda persistem em habitats isolados.
Nos rios principais
próximos da Cidade de Durango, como o Tunal, esgotos domésticos e
industriais foram a causa da poluição da água que exterminou as espécies
endémicas existentes.
Há locais tão
marcantes como a queda de água El Salto, onde as águas negras e quase
desprovidas de vida testemunham a influência da celulose local no meio
ambiente.
As causas mais
importantes para o declínio dos Characodons e seu confinamento a
áreas muito remotas passam pela destruição e alteração do meio ambiente
através da desflorestação, de contaminação dos ecossistemas com águas
residuais domésticas e industriais, de captações de água acima da
capacidade de reposição pela precipitação ou do maus uso da água dado
por certas actividades humanas como a agricultura.
Sem dúvida um dos
mais importantes, senão mesmo o principal impacto no retrocesso destes
peixes na natureza será a introdução de espécies exóticas.
A mais comuns
segundo as fontes consultadas são : Carassius auratus,
Chirostoma spp, Cyprinus carpio,
Gambusia
senilis,
Goodea
atripinnis,
Lepomis
macrochirus,
Micropterus salmoides, Oreochromis aureus e
Oreochromis mossambicus.
Esta espécie
encontra-se classificada como vulnerável no Livro Vermelho do I.U.C.N.
nota sobre o Género Characodon
: das 3 espécies classificadas neste género, 1 está classificada como
extinta ( Characodon garmani ), 1
está classificada como em perigo ( Characodon lateralis ) e 1 está considerada como vulnerável
( Characodon
audax ) .
Para
esclarecimento de dúvidas e mais informações consulte-se Cyprinodontiformes
vivíparos e ovovivíparos no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas da UICN.
Outros tópicos sobre esta espécies para
consulta :
Outros artigos de
interesse :
Contreras Balderas, Salvador; 1975; Cambios de composición de especies en
comunidades de peces en zonas semiáridas de Nuevo León; Contribuciones del
Laboratorio de Vertebrados de la Universidad Autónoma de Nuevo León, Vol.
13, pp. 181-194.
Fitzsimons, John Michael; 1972; A Revision of Two Genera of Goodeid Fishes (
Cyprinodontiformes, Osteichthyes ) from the Mexican Plateau; Copeia,
pp.728-756.
INEGI ( Instituto Nacional de Estadística, Geografía e Informática ); 2000;
Censo Poblacional 2000, Mexico;
http://www.inegi.gob.mx.
Smith, Michael Leonard and Miller, Robert Rush; 1986; Mexican Goodeid Fishes
of the Genus Characodon, with description of a New Species; American Museum
Novitates 2851 pp. 1-14, figs 1-4, table 1.
Smith, Michael Leonard and Miller, Robert Rush; 1986; Origin and Geography
of the Fishes of Central México; The Zoogeography of North American
Freshwater Fishes. John Wiley & Sons, New York. pp. 487-517;
Webb, Shane Anthony; 1998; A Phylogenetic Analysis of the Goodeidae (
Teleostei: Cyprinodontiformes ); PhD dissertation, University of Michigan,
Ann Arbor.
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