Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos

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Biologia > Problemas genéticos em populações reduzidas

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Problemas genéticos em  populações reduzidas


Quando uma população de uma determinada espécie fica reduzida a um número limitado de indivíduos entra em eminente perigo de extinção.

Actualmente entende-se que, em presença de factores desfavoráveis, a única forma de salvar seres vivos em regressão populacional na natureza é tentar-se um programa de reprodução em ambiente controlado esperando que o número de indivíduos aumente para se tentar um eventual repovoamento no habitat original mais tarde.

Em cativeiro urgem medidas para manter a viabilidade sobretudo de espécies que se encontram ameaçadas ou mesmo extintas na origem. É necessário investir numa forma de se obterem populações auto sustentadas que possam garantir a sua própria sobrevivência.

Noutra realidade bem diferente da situação dos aquários domésticos, processos de preservação deste tipo têm sido implementados com espécies em risco, mas estas acções envolvem sempre muitos desafios a nível biológico e político.

Na manutenção de peixes a nível privado raramente se conseguem reunir condições para a sustentabilidade de uma espécie sem a cooperação entre os detentores da mesma.

Numa população com um número restrito de indivíduos está sujeita a problemas de viabilidade dos quais se destacam :


1) Perda de variabilidade genética


Dependendo muito das espécies em causa, quando uma determinada população de peixes cai para menos de sensivelmente 100 indivíduos reprodutores, a riqueza genética pode vir a ser empobrecida de tal forma que eventualmente se perdem importantes capacidades imunitárias e de adaptação a alterações ambientais.

Alguns Cyrpinodontiformes vivíparos e ovovivíparos são já por si geneticamente muito uniformes. Os indivíduos dessas populações serão extremamente idênticos quanto aos seus genes, mesmo que o seu grau de parentesco não seja alto.

O sistema imunitário dos animais está também muito dependente da respectiva variedade e riqueza genética.

Há provavelmente milhões de genes ligados à imunidade, cada um com uma codificação para responder a anticorpos ou células específicas. O problema surge quando não há informação suficiente nos cromossomas sobre esses genes.

Porém nem só pequenos grupos de indivíduos em aquário causam a perda de variabilidade genética.

Quando algures na evolução de uma espécie se dá um evento em que uma percentagem elevada da população desaparece ou fica impedida de participar no processo reprodutivo, dá-se aquilo a que os cientistas denominam como gargalo genético ou gargalo populacional. Nessa altura, por exemplo, a sua sustentabilidade ficará gravemente afectada.

Os índices habituais de avaliação da viabilidade genética de uma população são riqueza e diversidade dos genes ( riqueza alélica e heterogozidade ).


2) Endogamia


Populações com menos de 50 indivíduos reprodutores são forçadas a acasalamentos obrigatórios entre parentes.

O processo de reprodução que tem lugar entre peixes geneticamente tão próximos denomina-se endogamia.

Como consequência pode dar-se uma depressão endogamica, isto é, um somatório de consequências letais para essa população, incluindo diminuição da fertilidade e fecundidade, altas taxas de mortalidade e aumento dos defeitos congénitos logo à nascença.

Populações em aquário com menos de 30 indivíduos devem ser geridas de forma muito cuidadosa e precisa para se reduzirem ao mínimo estes efeitos perniciosos.

Em certos casos, as populações em cativeiro apresentam problemas relacionados com a endogamia, mesmo com progenitores não aparentados, precisamente devido ao facto de certos Cyprinodontiformes serem geneticamente tão uniformes que se tornam menos imunes à endogamia.

Os efeitos negativos desta falta de diversidade acentuam as doenças hereditárias, defeitos físicos, debilidade e indivíduos adultos de dimensões inferiores ao normal.

Não podemos determinar com rigor quão graves serão os efeitos de manutenção de um número relativamente reduzido de indivíduos pois há espécies mais sensíveis do que outras.


3) Procriação selectiva e hibridação forçada


Quando sujeitas a uma selecção antrópica muitas espécies ficam à mercê tanto da perda de viabilidade genética como da endogamia.

Na busca pelo desenvolvimento ou reforço de certas características na descendência das matrizes corre-se o risco de se estarem igualmente a reforçar a manifestação de anomalias geneticamente transmissíveis.

Permanecendo por longos períodos em cativeiro há o risco de uma população ainda que não intencionalmente ser submetida a uma selecção que a leve num sentido divergente da sua evolução natural.

Paralelamente, a conservação de espécies em aquário pode ser a forma aparentemente mais viável de as salvar através daquilo que se chama a « conservação ex situ » pelo que a prática de selecção não natural pode vir a impossibilitar a sua sobrevivência antes de uma eventual restituição à natureza.

Para além da selecção antrópica devemos ainda considerar a hibridação forçada como factor de risco.

Tomemos como exemplo a sobrevivência de um número reduzido de indivíduos do mesmo sexo, optando-se por cruzá-los com a espécie mais aparentada que se tinha conhecimento. Em teoria, através de uma selecção desses descendentes obter-se-iam mais tarde indivíduos quase 100% “ puros “ da espécie condenada. 

Infelizmente essas tentativas falham ou por falta de rigor na escolha da espécie mais aparentada ou pelos imprevisíveis resultados a nível genético.

A hibridação ocorre na natureza mas é especialmente invulgar, podendo ter lugar, nomeadamente, quando uma população está reduzida a poucos efectivos.

Híbridos férteis produzidos em cativeiro na natureza podem ameaçar acabar com as espécies que lhes deram origem como formas de vida independentes. 

O vigor híbrido pode suplantar os esforços de reprodução de membros das espécies parentais.



Agradece-se profundamente aos nossos leitores que possuam dados e informações complementares ou que encontrem neste documento eventuais correcções, o favor de nos contactarem nesse sentido.



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