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Goodeiídeos; Algumas Espécies de Vivíparos Promissoras para Lagos de Jardim Miguel Andrade - publicado neste sítio em Maio de 2009 |
De acordo com classificação climática de
Köppen-Geiger, o clima de Portugal continental e das ilhas Atlânticas
pode ser dividido em duas grandes regiões climáticas mesotermicas (
clima temperado ) com os seguintes subtipos climáticos; Csa - clima
temperado húmido com Verão seco e quente e Csb - clima temperado húmido
com Verão seco e temperado. |
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Figura 2 – Temperatura média anual. Instituto de Meteorologia – http://www.meteo.pt/ |
Figura 3 – Precipitação anual acumulada. Instituto de Meteorologia – http://www.meteo.pt/ |
As ilhas dos
arquipélagos dos Açores e da Madeira situam-se na Crista Média
Atlântica.
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A linha laranja representa os valores máximos médios da temperatura registada em Lisboa. A linha verde representa os valores mínimos médios da temperatura registada em Lisboa. A linha azul representa os valores mínimos extremos da temperatura registada em Lisboa. |
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A linha laranja representa os valores máximos médios da temperatura registada em Porto Santo, arquipélago da Madeira. A linha verde representa os valores mínimos médios da temperatura registada em Porto Santo, arquipélago da Madeira. A linha azul representa os valores mínimos extremos da temperatura registada em Porto Santo, arquipélago da Madeira. |
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A linha laranja representa os valores máximos médios da temperatura registada em Angra do Heroísmo, arquipélago dos Açores. A linha verde representa os valores mínimos médios da temperatura registada em Angra do Heroísmo, arquipélago dos Açores. A linha azul representa os valores mínimos extremos da temperatura registada em Angra do Heroísmo, arquipélago dos Açores. |
Tudo dependerá muito da localização e particularmente das espécies a que nos estamos a referir.
Para pouparmos
palavras vamos directamente aos gráficos : |
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Figura 7 – Média das temperaturas máximas e mínimas em Lisboa e São Luís Potosí
Pela comparação entre o clima de Lisboa e de uma das cidades do planalto Mexicano, expressa neste gráfico, é provável que os menos atentos possam concluir facilmente e sem hesitarem, que as espécies de peixes de ambas as regiões são compatíveis, particularmente em termos de exigências térmicas. As descidas de temperaturas nocturnas características das grandes amplitudes registadas no típico clima de altitude em São Luís Potosí podem realmente chegar a mínimas muito mais significativas do que o que acontece na capital Portuguesa, situada a baixa altitude e muito influenciada pela proximidade do Oceano Atlântico. É no entanto um erro deixarmo-nos entusiasmar pela menor amplitude térmica e Inverno aparentemente mais temperado de Lisboa. Seria imprescindível ter em consideração igualmente um outro factor, o qual não será à partida tão evidente neste mesmo gráfico... as temperaturas máximas diárias no planalto Mexicano que se registam mesmo durante o Inverno. Essa compensação terá como resultado a recuperação de calor perdido durante as noites frias, por parte dos corpos de água da região, o que terá início pouco depois do nascer do Sol. Igualmente importantes são os dias mais amenos que se intercalam nos períodos frios do ano. De qualquer forma há uma questão vital que não pode ser nunca ignorada. Ainda que os peixes originários do planalto Mexicano estejam geneticamente preparados para resistirem a intensas descidas e a valores realmente muito baixos ( nomeadamente em comparação com as espécies que habitam à respectiva latitude ), não são de todo espécies que tenham evoluído para sobreviverem a longas permanências nos seus limites potencialmente letais... pelo menos sem beneficiarem, nessas circunstâncias, de uma compensação térmica diária, à imagem das alternadas subidas e descidas que ocorrem diariamente nas respectivas regiões de origem. Em Portugal, o mais evidente e crucial problema que se coloca à sobrevivência dos Goodeiídeos conservados durante o Inverno no exterior, prende-se precisamente com o facto dos peixes não poderem usufruir de intervalos diários ou regulares no frio intenso, particularmente através de ligeiras subidas até valores mais aceitáveis. O arrefecimento que os coloca à prova nos limites de sobrevivência pode permanecer, implacável e sem repouso por vários dias seguidos ou mesmo semanas.
Para além do
progressivo enfraquecimento e stress que é infligido pelas baixas
temperaturas, os peixes que estão sujeitos a valores praticamente
letais, não gozam assim das tais intermitentes subidas de temperatura
que os poderiam reabilitar e preparar para novos ciclos de frio intenso. |
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Neste outro gráfico a ideia desenvolvida anteriormente já se torna de facto mais perceptível. Para além das diferenças de altitude, nas quais Lisboa possui vantagem em relação às exigências dos peixes característicos de climas temperados, há assinaláveis divergências de latitude, as quais representam tanta ou mais importância. São Luís Potosí tem o inegável benefício de estar, para todos os efeitos, muito mais próximo do equador. Se observarmos a evolução das temperaturas médias já é possível notarmos as tais diferenças que foram referidas anteriormente. As mínimas muito mais baixas registadas no planalto Mexicano, são de facto compensadas com as máximas também bastante mais elevadas. O que daí resulta é que de facto Lisboa tem um Inverno mais frio. Algo idêntico se passa em relação ao regime térmico das águas em ambos os lados do Atlântico. Tais conclusões já foram facilmente comprovadas através de testes realizados nos últimos anos através da conservação de três espécies de Goodeiídeos todo o ano em lagos de jardim.
No gráfico que se
segue, baseado neste exemplo, alguma natural aclimatação ao nosso
ambiente por parte de algumas espécies ou a inadaptação de outras,
tornar-se-á mais intuitiva. |
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Da análise da figura 8 podemos concluir, nitidamente, que os arquipélagos dos Açores e da Madeira possuem Invernos muito mais moderados do que o território de Portugal Continental. Mais importante do essa diferença é sem dúvida o facto destes climas insulares serem razoavelmente apropriados e confortáveis para a maioria dos Godeiídeos viverem permanentemente em lagos de jardim. Evidentemente não podemos afirmar que as temperaturas estejam devidamente coordenadas com as regiões naturais da distribuição destas espécies, mas é francamente manifesto que a maioria destes peixes poderiam beneficiar de uma vida ao ar livre durante todo o ano nos lagos de exterior situados nessas ilhas. Torna-se pois incontestável que deveremos concentrar os nossos esforços na comparação entre o clima mais incompatível de Portugal continental em relação ao de origem destas espécies para chegarmos a alguma conclusão. O que se torna por demais evidente é sem dúvida a incrível relação quase perfeita entre os resultados obtidos e a realidade. No caso de Lisboa, está reconhecidamente implícito um período crítico do ano durante o qual o risco de fatalidades provocadas pelo frio é muito expectável ( zonas a vermelho ). Entre os finais de Novembro e os finais de Fevereiro as temperaturas médias são de facto inferiores na capital Portuguesa. Isto significa que um considerável número de espécies pertencentes à família Goodeidae não estão habilitadas para sobreviverem em lagos de jardim, nomeadamente se permanecerem expostas ao frio no exterior durante este período crítico do ano ou se a capacidade e profundidade desses lagos não for suficiente. Apesar dessa clara conclusão, teremos sempre que considerar algumas situações específicas como o caso da espécie Ameca splendens. Estes peixes conseguem sobreviver no exterior à maioria dos Invernos em Lisboa, mas serão dizimados em episódios de frio anormalmente intenso. Tudo dependerá da duração dessas ocorrências, as quais têm lugar normalmente entre a época do Natal e os finais de Janeiro. Existem no entanto pelo menos duas espécies já testadas que provaram recentemente terem uma tolerância ao frio necessária à sobrevivência mesmo aos episódios anormalmente frios do nosso clima - Xenotoca eiseni e Skiffia multipunctata. Se tivesse havido entretanto a oportunidade de se porem à prova outras espécies, poderíamos nesta altura estar a documentar mais casos. Outros prováveis candidatos podem ser as espécies Allotoca goslinei, Girardinichthys viviparous, Xenoophorus captivus ( Illescas ) e Xenotoca melanosoma. É muito importante nunca nos esquecermos que é mais seguro e ético submetermos os Goodeiídeos em cativeiro a um período de repouso de Inverno em ambientes de temperatura controlada. Não é seguro sujeitar a maioria das espécies a temperaturas inferiores a 12ºC por longos períodos, os quais podem ter como consequência directa mortalidades elevadas e serem fonte de um penoso stress. As áreas assinaladas a amarelo que vão deste os finais de Fevereiro até ao fim de Abril, ou dos finais de Outubro até aos finais de Novembro, correspondem a dois períodos do ano durante os quais quase todas as espécies podem ser conservadas no exterior. No entanto devem ser seguidas rigorosas medidas de monitorização para se acautelarem as já referidas as situações de sofrimento aos peixes devido a temperaturas demasiado baixas ou mesmo a perda de exemplares, especialmente durante as sazonais vagas de frio. As espécies que carecem de maior atenção nestas fases do ano são sobretudo Allodontichthys hubbsi, Allotoca dugesii, Characodon audax, Characodon lateralis, Ilyodon furcidens, Ilyodon whitei, Xenoophorus captivus e particularmente Ataeniobius toweri. Os Goodeiídeos em geral, mas em especial as espécies mais exigentes em termos de calor, podem no entanto viver todo ano em lagos de exterior no arquipélago da Madeira. Ainda assim, em Portugal continental é rara a região onde não seja totalmente seguro manter todas as espécies no exterior entre Maio e Outubro. As únicas excepções relacionam-se com aqueles Goodeídeos que não se dão bem com temperaturas elevadas ( área assinalada a amarelo claro ). Os lagos expostos ao Sol podem tornar-se desmedidamente quentes para espécies como Allodontichthys polylepis, Allodontichthys tamazulae, Allodontichthys zonistius, Allophorus robustus, Allotoca dugesii, Chapalichthys encaustus, Chapalichthys paradalis, Goodea atripinnis, Skiffia bilineata, Zoogoneticus tequila, mas acima de tudo para os casos mais críticos como Allotoca diazi, Allotoca goslinei, Allotoca maculate, Girardinichthys multiradiatus, Girardinichthys viviparous, Hubbsina turneri e Zoogoneticus quitzeoensis. Esta preocupação é sobretudo fundamental em particular a partir de meados de Maio até meados de Setembro. Quase todas essas espécies podem no entanto ser perfeitamente mantidas sem preocupações de maior no arquipélago dos Açores durante todo o ano e o Verão não constitui excepção. Noutros pontos do país, como Lisboa, por exemplo, a localização do lago deve ser uma preocupação ao manterem-se estas últimas espécies no exterior durante o Estio. Nesse caso, a melhor opção são os lagos completamente abrigados do Sol pela copa das árvores e com uma orientação predominante Este/Oeste. A Sul do lago deve existir de preferência uma barreira como um edifício próximo ou uma elevação de terreno. Mesmo numa localização desta natureza deve-se monitorizar a temperatura com bastante regularidade na época mais quente do ano. Uma entrada de água fresca permanente poderia não só recriar as necessidades de pureza exigidas por muitos destes peixes, como manteria o lago a uma temperatura mais ameno ( nomeadamente entre os 22ºC e os 24ºC, as máximas requerido por estas últimas espécies para se manterem saudáveis ).
Outra opção para os
Goodeiídeos mais sensíveis ao calor será mantê-los no exterior durante o
período mais quente do ano apenas nas regiões mais temperadas de
Portugal continental. |
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