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Aquariofilia > Proposta de 10 regras de aquariofilia sustentável

Aquaristics > 10 basic rules for sustainable aquarium hobby

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Proposta de 10 regras básicas aplicáveis à aquariofilia sustentável




1. Antes de montar um aquário devemos ponderar bem sobre as consequências que tal acto trará.


a) A montagem de um aquário implica o em primeiro lugar a presunção e consciência que o mesmo exige cuidados diários, semanais, e mensais assim como manutenção seja qual for o grau de complexidade do seu equipamento e dos ambientes recriados.

As ausências prolongadas e as férias podem ser fatais para certas comunidades vivas e os nossos tempos livres ficarão certamente condicionados a este compromisso. O que para a maioria é de facto um prazer para certas pessoas pode vir a revelar-se um desastre se nas suas vidas ficarem sujeitas à rotina exigida por um ou vários aquários.


b) Um aquário cheio de água, materiais decorativos e equipamento tem um peso muito elevado que é necessário ter em consideração antes da sua montagem.

Quanto maior for a sua capacidade em litros maior deve ser a ponderação sobre a base onde vai ser montado e nalguns casos excepcionais a própria resistência por parte do chão onde assentará o móvel de suporte, nomeadamente no caso de apartamentos em edifícios com uma certa idade.


c) O local de montagem do aquário tem que obedecer a certos requisitos.

Embora seja uma peça decorativa a localização do aquário tem em primeiro lugar que respeitar a biologia dos seres vivos que nele vão habitar.

Dessa forma ambientes sujeitos a factores como o fumo, variações bruscas de temperatura, amplitudes térmicas elevadas, fontes de calor ou de frio directas ( lareiras, radiadores ou saídas de ar condicionado ), cheiros intensos, gases, agitação ao seu redor e forte ruído devem ser evitados ou cuidadosamente tidos em consideração na altura de escolher os seres vivos que vão habitar nesse meio. Eventualmente tentar-se-ia para o efeito minorar o que fosse possível ou evitam-se as consequências nefastas do local procurando-se outra localização.

É igualmente importante não esquecer que o chão e a base de apoio devem ser nivelados e não estarem sujeitos a oscilações ou qualquer tipo de movimento.


d) Espaços reservados ao material de apoio.

Todos os aquários necessitam para além de um suporte suficientemente robusto de espaços onde possam ser arrumados os materiais usados na sua manutenção, alguns dos alimentos dos seus habitantes, os medicamentos, os produtos químicos, as ferramentas de trabalho, peças sobressalentes, os equipamentos externos e todos os restantes instrumentos habituais.

Dissimular estes espaços ou não fica ao critério de cada um, mas que eles devem existir algures isso é um facto.

Não se deve esquecer ainda uma acessibilidade facilitada aos cabos eléctricos e tubos de ar e de água, prevendo-se pelo menos 7 centímetros entre a parte de trás do aquário e a parede ou fundo do móvel, assim como algumas aberturas que respeitem as secções das tubagens por onde estas tiverem que passar.


e) A iluminação deve-se adequar à biologia das espécies mantidas.

A saúde dos seres vivos depende também do tipo de iluminação assim como da duração dos ciclos de alternância entre dia e noite ( luz e escuridão ).

Para além das exigências biológicas das espécies, um aquário que seja sujeito a luzes que se apaguem e acendam durante o seu período de escuridão ou que seja colocado muito perto de um ecrã de televisão ou monitor de computador ligado torna-se uma câmara de tortura para muitos dos seus habitantes, resultando em efeitos trágicos na sua saúde em curto espaço de tempo, sobretudo quando não se respeita o período de escuridão.

A luz directa do Sol para iluminar aquários só deve ser tentada por especialistas em casos muito particulares pois além de elevar a temperatura da água cria problemas por vezes insolúveis de crescimento de algas, entre outros.



2. A decisão sobre os seres vivos que vão ser colocados e mantidos no aquário deve ser tomada em função das condições do mesmo e não o contrário. Só com alguma prática e conhecimentos consolidados é que se devem tentar recriar comunidades com mais elevadas exigências.


a) Nomeadamente para os principiantes ou para quem não quer ter despesas suplementares nem compromissos de tempo e dedicação maiores, o aquário deve ser montado inicialmente sem plantas, peixes ou invertebrados para se aferirem as suas condições físico-químicas e de luminosidade habituais. As diferenças entre estações, nomeadamente entre o Verão e o Inverno também não devem ser negligenciadas.

Com base nos parâmetros detectados nesse período de testes assim como ponderando igualmente sobre a sua capacidade em litros deve ser então feita uma pesquisa sobre os seres vivos que toleram melhor ou que requerem essas condições.

Somente após essa pesquisa e depois de se estudarem as hipóteses mais viáveis para a futura comunidade ou ecossistema se devem iniciar os preparativos de povoamento para consolidação dos ciclos biológicos. Primeiro introduzem-se as plantas no novo aquário e só depois os animais.

Através desta estratégia, dispensa-se uma considerável parte do equipamento necessário a manter condições muito diferentes das que um aquário específico oferece.

Se forem respeitadas as regras de povoamento em breve temos um aquário imune a cortes de energia ou independente de muitos dos sistemas de suporte de vida sem os quais, outras modalidades mais especializadas, não sustentariam os seus seres vivos por mais de algumas horas ou dias.


b) Quanto mais longe estiverem as necessidades físico-químicas dos seres vivos mantidos em aquário das condições “ normais “ do ambiente criado localmente, mais meios de apoio artificiais e atenção são necessários para a sua manutenção e funcionamento correcto.


c) Tudo aquilo que se colocar dentro de um aquário vai sem dúvida contribuir para alterar o equilíbrio estabelecido. Qualquer actuação nesse sentido deverá ser devidamente estudada pois os seres vivos vão competir entre si, quanto mais não seja por recursos tão básicos como por oxigénio ou pelo espaço.



3. A planificação deve ser o procedimento básico de montagem de qualquer aquário. O tipo de aquário e a associação correcta de seres vivos têm que ser obrigatoriamente uma decisão ponderada e amadurecida.


a) A planificação é um dos passos principais que nos podem garantir a diferença entre o mais que provável fracasso ou o sucesso de qualquer experiência em aquariofilia.

Escolher emocionalmente ao acaso os seres vivos que vão habitar um aquário por capricho dos conceitos estéticos puramente humanos, é a causa próxima de muitos dissabores e perdas. O mais vulgar é ao fim de escassas mas consecutivas más experiências que a desilusão e desapontamento produzam o inevitável afastamento. Infelizmente para muitos, uma rápida desilusão e um sentimento de frustração são tudo o que sobra dessa nefasta experiência neste interessantíssimo passatempo.


b) Os aquários do tipo denominado comunitário são possíveis de manter se forem criteriosamente escolhidas espécies compatíveis, as quais, embora possam até ser provenientes de zonas do mundo diferentes devem sempre ter exigências físico-químicas muito próximas e não apresentarem problemas de convivência entre elas.

O mais pedagógico e eticamente mais aceitável é a escolha de seres vivos provenientes do mesmo ecossistema ou biótipo, mesmo que por motivos relacionados com o mercado não seja possível adquirir logo a quantidade ambicionada de espécies de uma só vez.

Aquários destinados a uma só espécie de peixe, por exemplo, são outra alternativa. Embora mais empobrecida em termos pedagógicos é por vezes a opção necessária ou a única viabilidade.


c) Antes de se tomar qualquer decisão sobre os futuros habitantes do aquário deve ser feita a mais profunda pesquisa sobre a sua biologia e comportamento com os meios disponíveis.

Sempre que tal seja viável devem ser contactadas outras pessoas mais familiarizadas com a manutenção da espécie ou uma associação ou clube dedicada à mesma.


d) O espaço disponível e a capacidade de fornecer as correctas condições de existência, como a nutrição e as condições físico-químicas às espécies mantidas devem sempre ser tidas em consideração. Não devem também ser esquecidas as consequências na nossa vida particular desse esforço antes de uma nova aquisição.


e) Por muito atraentes que sejam espécies desconhecidas só devemos povoar os nossos aquários depois de nos certificarmos se temos condições de manutenção dos animais adultos de acordo com os seus parâmetros mínimos de conforto em condições saudáveis, sem esquecer o respeito pelas respectivas dimensões em pleno desenvolvimento físico.


f) A alimentação dos seres vivos que dependem de nós deve ser rigorosamente calculada de acordo com as suas exigências nutricionais.

Também a água deve ser mantida em condições óptimas para proporcionar a existência saudável dos mesmos.

O planeamento de todas essas necessidades deve ser feito antecipadamente.


g) O projecto de construção de um aquário deve obedecer a regras básicas para o fim a que se destina.

A profundidade dos aquários não é tão importante como a sua área superficial para o cálculo de capacidade do número de exemplares mantidos no espaço em causa.

Certos desenhos de aquários, embora tenham a mesma capacidade em volume de litros não permitem a mesma quantidade de exemplares porque a sua superfície é menor.



4. A reprodução das espécies e a manutenção de populações deve obedecer a limites razoáveis e a um grande sentido de responsabilidade.


a) Sempre que possível, os exemplares de animais sexuados mantidos em aquário devem ser provenientes de origens distintas, nomeadamente de criadores diferentes ou de estabelecimentos comerciais diferentes após confirmadas as respectivas proveniências no acto de importação.


b) Por muito atraente que nos seja a ideia de reprodução dos seres vivos criados em aquário nunca devemos esquecer que para manter a respectiva descendência temos que providenciar previamente as exigidas condições mínimas de espaço, de alimentação equilibrada e saudável em quantidades necessárias assim como o ambiente imposto pela sua biologia.

Em alternativa podemos ter que arranjar o número de pessoas necessário com condições básicas para receberem os resultados das reproduções ocorridas nos nossos aquários ainda antes das procriações terem acontecido.


c) Se ocorrerem nascimentos não premeditados nos nossos aquários tal significa que foram criadas as condições óptimas para a respectiva espécie em cativeiro, o que é sempre uma boa notícia e uma compensação para os esforços dedicados nesse sentido.

Sempre que tal tenha lugar é necessário assumir as responsabilidades inerentes e caso não se reúnam condições para a manutenção de várias gerações ou mesmo de uma só procriação torna-se imperativo agir depressa e evitar a degradação das condições de vida da espécie.

Para o efeito é imperativo alargar o espaço disponível ou procurar-se uma solução satifatória para a nova geração entretanto nascida.


d) Permitir o acasalamento entre seres muito aparentados ou descendentes dos mesmos progenitores aumenta o risco de problemas genéticos resultantes de populações reduzidas com efeitos dramáticos e letais ao fim de poucas gerações na maioria das espécies animais.

Todas as espécies sexuadas apresentam genes recessivos negativos. A endogamia, ou por outras palavras, o hibridismo sucessivos entre irmãos ou parentes muito próximos, tornam prováveis maiores possibilidades dos genes recessivos se encontrarem com frequência, ou seja, aumentam as probabilidades do aparecimento das características negativas. Quando cruzamos peixes aparentados estamos assim a debilitar a espécie, isto é, estamos a contribuir para reduzir a sua diversidade genética.


e) Manter uma população de determinada espécie mesmo que obtida através de sucessos na sua criação em aquário não deve ocorrer sem a introdução constante de novos exemplares provenientes de outros criadores ou mesmo de aquisições no comércio da especialidade com regular periodicidade.


f) A selecção discriminatória dos reprodutores feita pelo homem no sentido de proporcionar o aparecimento de certas características invulgares nas populações selvagens é uma prática lamentável que leva ao aparecimento de populações de características atraentes para os conceitos humanos de estética mas completamente afastadas do processo natural. A mais evidente prova dessa contradição é o facto de tais exemplares quase nunca sobreviverem muito tempo na natureza.


g) A produção de híbridos condicionada por intervenção humana deve ser banida devido às consequências perigosas para a continuidade das espécies originais, sobretudo se os híbridos forem férteis e fecundos.


h) As técnicas de reprodução artificial assistida praticadas pelas entidades industriais na piscicultura ou aquacultura devem ser usadas como último recurso de emergência e apenas para manter espécies ameaçadas ou extintas na natureza se não se reproduzirem por si nas condições criadas em aquário para o efeito.


i) A reprodução de peixes com deficiências físicas, problemas de saúde ou características pouco vulgares para o padrão da sua espécie devem ser desencorajadas ou banidas.



5. A proveniência dos seres vivos que povoam o aquário deve respeitar algumas regras fundamentais.


a) Sempre que possível devem ser penalizados os estabelecimentos comerciais que não respeitam o período de quarentena dos animais e plantas importados.


b) Nunca se devem adquirir os habitantes do aquário em estabelecimentos que não cumpram a legislação nacional e internacional aplicável à respectiva actividade mas sobretudo à manutenção dos seres vivos para efeito de venda ao público.


c) Devem ser recusados todos os seres vivos geneticamente modificados, os híbridos ou os animais sujeitos a processos vários de coloração artificial, esterilização ou outras actividades atentatórias contra os direitos dos mesmos e as regras mais elementares da ética.


d) Não devem ser adquiridos animais em estabelecimentos que se recusam a revelar a origem das suas importações, que tratem indevidamente os seres vivos, que não satisfaçam as condições mínimas de higiene, que mantenham os estoques para venda em condições degradantes ou deploráveis, que exibam evidente incumprimento da legislação aplicável à comercialização de espécies vivas, que não tenham pessoal competente e qualificado para responder sobre as espécies comercializadas, que não exibam os valores físico-químicos da água dos aquários de venda, que não exibam os nomes científicos das espécies comercializadas, que comercializem espécies interditas pela legislação nacional, que não suspendam a venda sempre que se declare um surto de doença num aquário de exposição ao público ou que enganem deliberadamente os clientes mais incautos para obterem lucro fácil.


e) Não devem ser adquiridos seres vivos com sintomas de doença ou de qualquer tipo de contaminação.


f) Nunca devem ser adquiridas espécies que constem da lista da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies em Vias de Extinção ( Convenção CITES ), a não ser que se obtenham informações de fonte segura, segundo as quais, esses exemplares não sejam provenientes de capturas efectuadas da natureza e sejam acompanhados de uma licença que legalize a sua comercialização.


g) Evitem-se adquirir peixes recém chegados aos estabelecimentos comerciais. Deve-se aguardar que sejam mantidos em quarentena e observados. Ainda assim, um aquário de quarentena é um instrumento que não deve faltar, sob pena de constantes baixas causadas por doenças transportadas pelas últimas aquisições.


h) Os lotes menos dispendiosos ou em promoção nem sempre são uma oportunidade a não perder. Por vezes essa condição esconde na realidade algum problema.



6. Nunca em situação alguma devem ser libertados na natureza quaisquer seres vivos provenientes do aquário, a não ser que sejam originários do ambiente em causa, mas mesmo assim o acto deve cumprir a Lei e assegurarem-se algumas regras fundamentais.


a) Animais e plantas doentes ou indesejados não devem ser libertados na natureza sob pretexto algum e o mesmo se aplica a espelhos de água públicos e particulares ou albufeiras artificiais.


b) Mesmo que em princípio seja extremamente louvável libertar na natureza descendentes de seres vivos nascidos em aquário provenientes desses mesmos ecossistema, ( nomeadamente se pertencerem a espécies ameaçadas ), é um risco fazê-lo sem uma certificação de um veterinário uma vez que podemos estar a introduzir agentes patogénicos fatais com a água de transporte ou com os próprios.


c) Introduzir animais de uma determinada espécie fora da sua bacia hidrográfica de origem, ainda que dentro da sua área de distribuição natural, pode constituir um perigo de “ contaminação “ genética de populações nativas separadas por milhares de anos, diminuindo a sua biodiversidade.


d) Deve ser totalmente banida a prática de eliminação de seres vivos indesejados por via sanitária, estejam os mesmos mortos, moribundos, doentes ou saudáveis.



7. A informação é o pilar básico da responsabilidade.


a) Só através de uma contínua actualização e divulgação dos conhecimentos adquiridos é que se podem aplicar as regras propostas neste decálogo de ética da aquariofilia.


b) A troca de informação deve ser uma regra de ouro entre aficcionados amadores pois o intercâmbio de conhecimentos leva ao progresso do saber comum e desfaz alguns mitos e inconsistências.


c) Uma escolha criteriosa das fontes é essencial, sempre que tal seja possível, uma vez que abundam infelizmente muitas imprecisões e erros que são reproduzidos e multiplicados sem qualquer cuidado de certificação.


d) Através da divulgação de conhecimentos corrigem-se as práticas incorrectas de alguns amadores menos informados e ajudam-se a criar melhores condições para a sobrevivência dos seres vivos em cativeiro.



8. O exemplo do respeito pelos seres vivos começa na aquariofilia.


a) Os seres vivos mantidos em aquário devem ser tratados com dignidade e respeito.


b) Devem ser assegurados ao máximo a qualidade de todos os parâmetros necessários, de espaço disponível e de nutrição adequada de acordo com as exigências dos seres vivos mantidos em aquário.


c) Animais com comportamentos considerados agressivos ou espécies responsáveis pela destruição da decoração e extermínio de outros companheiros de aquário, não devem sofrer consequências pelos seus actos dado que deveria ter sido estudada a sua biologia e comportamentos antes de terem sido adquiridos.


d) A eutanásia não pode ser aplicada arbitrariamente nem ser mote ou solução para a destruição de exemplares que de súbito se tornaram indesejados.


e) A manipulação dos exemplares deve ser evitada ao máximo sobretudo as práticas como a captura, transporte e todas as acções em que os seres vivos sejam sujeitos a angústia, violência, ansiedade, “ stress “, dor, fome, asfixia ou outras agressões não habituais à sua existência.


f) As formas de captura dos seres vivos não devem incluir práticas cruéis ou o uso dos instintos dos animais para os enganar, mesmo que pela sua agilidade e desembaraço essa operação contribua para a destruição da decoração ou se esteja a revelar desesperante em face do demorado insucesso.


g) Os aquariofilistas devem ser os primeiros a defenderem o desenvolvimento sustentado, a preservação da natureza e da vida animal. Esse é o preço mínimo que devem pagar por condicionarem em cativeiro uma pequena amostra da natureza que tantas alegrias e realização lhes podem trazer.


h) A defesa dos seres vivos contra actos de vandalismo e resultantes de actividades cruéis humanas deve sensibilizar quem supostamente aprecia a natureza e tem um aquário em casa.


i) O confinamento de peixes em pequenos espaços para efeitos reprodutivos, exposição e venda ou separação deve ser um comportamento banido.

Os efeitos que tal agressão causam são perfeitamente visíveis e os seus fins não justificam os meios.


j) A manutenção de espécies por tempo mais do que o necessário fora dos limites dos parâmetros físico-químicos considerados correctos. Quanto mais próximo dos limites de sobrevivência mais deve ser evitada esta situação sempre que as condições disponíveis o permitirem.


k) Todos os seres vivos devem ser mantidos em aquário apenas em água da melhor qualidade possível e o mais livre de agentes contaminantes.


l) Todos os seres vivos são dignos do mesmo respeito e admiração.

As espécies mais coloridas que tanto chamam a atenção e cativam os seres humanos em face dos seu conceitos de estética são uma minoria na natureza.

A lei sobrevivência apenas permite a selecção dos seres que estão mais bem equipados para se adaptarem ao seu meio e raros são os nichos ou ecossistemas onde cores bizarras não significam uma condenação à morte dos indivíduos que as ostentam.

Os seres vivos não são brinquedos nem obras de arte e devem ser apreciados pelos seus atributos próprios ou pelo resultado de milhares de anos de evolução.



9. Negociar com os seres vivos dos aquários particulares sem a devida licença é ilegal e eticamente pouco aceitável.


a) Qualquer actividade comercial deve estar devidamente legalizada, o que não é o caso das transacções que se fazem entre particulares ou entre particulares e estabelecimentos comerciais com seres vivos de aquário se tal envolver pagamentos em dinheiro.

Quanto não há um recibo, o qual por lei deve ser sempre entregue, está-se a poupar ao infractor o valor do I.V.A. mais uma eventual parcela de I.R.C. que deveria ser paga mas que nunca acontecerá porque, obviamente não existem os respectivos documentos nem a respectiva licença de actividade.

Todos os restantes cidadãos que não podem fugir aos impostos ficam lesados e os particulares que participam neste negócio ilegal fazem-no sem cumprirem as obrigações mínimas para agirem como agentes comerciais.


b) Manter e criar seres vivos em aquário deve ser um privilégio que não se compadece com negócios, pois essa prática deve ser deixada apenas para as entidades licenciadas a quem podem ser pedidas contas pelos seus procedimentos.


c) A aquariofilia só fica a ganhar se um maior número de aficcionados tiver acesso a espécies que muitas vezes não aparecem no mercado.

As ofertas ao recém chegados funcionam mais do que uma óptima recepção de boas-vindas, elas constituem um incentivo, especialmente se estamos a falar de jovens com menor poder de compra.

É por essa razão prática corrente em muitas associações a  troca de exemplares para enriquecimento genético de estoques ou as ofertas aos sócios de exemplares para início das suas próprias populações de determinadas espécies ambicionadas.



10. Deve ser dada a maior atenção à manutenção e criação de espécies com necessidades especiais de conservação, como as extintas na natureza ou em perigo de o serem, sempre que seja possível proporcionar-lhes as condições ideais e a sua reprodução.


a) A reprodução em aquário por aficcionados de certas espécies extintas na natureza tem sido a sua eventual salvação. Só com base em estoques mantidos e bem geridos será possível um dia o repovoamento das suas áreas de origem.


b) A manutenção de espécies raras ou extintas deve ser considerado assunto muito sério e ser levado ao cúmulo do respeito pela criação de condições óptimas durante a sua manutenção em aquário.


c) Sempre que sejam coroados com sucesso os processos de reprodução de espécies ameaçadas ou extintas devem ser distribuídos exemplares pelo maior número de pessoas interessadas a fim de serem ampliadas as hipóteses de sobrevivência e a variedade genética.


d) Manter e reproduzir espécies nacionais ameaçadas deve merecer prioridade sobre as espécies estrangeiras desde que tal não esteja dependente da captura de exemplares na natureza.


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